As escolas estaduais do Amazonas voltaram a receber alunos no último dia 10 de agosto. Desde então, houve um aumento no número de casos de Covid-19 no Estado. 7,6% dos profissionais de educação da rede testaram positivo, de acordo com dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS).
Até o momento, somente as séries do ensino médio retornaram às aulas presenciais nas escolas do Estado. Já a rede particular retornou no último mês de julho. Por isso há certa apreensão entre professores e pais a respeito da explosão de novos contaminados.
De 2.114 testes realizados entre profissionais de educação, com uso de testes rápidos, 162 diagnósticos deram positivo.
O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC) previa que o ensino fundamental da rede estadual já iniciasse seu processo de retomada na semana passada. Entretanto, adiou os planos.
Em comunicado emitido em 21 de agosto, cerca de 60% dos colégios já estavam adaptados para implementar as medidas sanitárias. Entra como protocolo, por exemplo: instalar mais pias e totens de álcool em gel, além de reduzir o número de alunos por turma.
De acordo com Alexander Steinmetz, coordenador do estudo Curva epidemiológica da Covid- 19, uma pesquisa futura deve expor dados sobre a pandemia em Manaus. Números prévios exibem um panorama com 20% da população da capital do Amazonas já tendo contraído a doença. Ou seja, 436 mil pessoas.
“Fizemos esta estimativa em meados de agosto e estamos finalizando um estudo mais aprofundado sobre a pandemia na Capital. Com o retorno das aulas, deve haver uma aumento de óbitos, mas nada que se compare aos registrados em abril deste ano”, explicou Steinmetz.
Professores do Amazonas relatam ter sido diagnosticados após muitas pressões. Júlia Cristina Melo, professora de História do ensino médio e disse ter descoberto a doença depois de colegas docentes exigiram a testagem.
“Eu estava sentindo muitas dores de cabeça, cansaço e fadiga, mas só atentei quando dois colegas fizeram teste e deram positivo. A partir daí, os demais professores exigiram que o Estado fizesse teste sob ameaça de nenhum deles voltar às salas de aula”, explicou ela.
Já a professora de ensino fundamental Raicele Ferreira Monteiro, que contraiu o vírus em abril. acredita que a volta às aulas seja um recurso para aparentar normalidade. “O governo quer mostrar que a vida está voltando ao normal, por isso a insistência em manter escolas funcionando”, afirmou a educadora.
“O problema é que um professor pode contaminar ou ser contaminado em sala de aula e os alunos voltam às casas deles sem sabermos se mantêm todos os cuidados necessários para evitar proliferação da doença”, explanou Raicele.
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam) pediu retorno ao modelo exclusivamente online. “É, no mínimo, uma insensibilidade do governo. Queria saber se o governador, o secretário de educação, os deputados e a presidente da FVS deixariam seus filhos irem para uma escola tendo essa informação”, questionou a presidente do Sinteam, Ana Cristina Rodrigues.