O retorno das aulas no estado de São Paulo pode ser um risco em potencial para quase metade dos alunos.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo grupo interdisciplinar Ação Covid-19, em parceria com a Rede Escola Pública e Universidade (REPU), até 46% dos estudantes poderiam ser infectados pelo coronavírus em dois meses letivos.
As escolas que mais poderiam se afetar são aquelas que possuem pouco espaço e menos aberturas para que o ar circule. Assim como poucas áreas livres e salas de aulas menores.
O não seguimento dos protocolos de segurança e higiene pelos alunos, professores e demais profissionais das instituições de ensino também aumenta chances de infecção.
Incluem-se nas medidas o distanciamento social possível, refeições dentro das salas, uso de máscaras durante as aulas e higiene das mãos com água e sabão e álcool em gel de hora e hora.
A análise partiu de exemplos hipotéticos de duas escolas: uma no bairro de Pinheiros e outra na Brasilândia, ambas na capital de São Paulo.
Os pesquisadores levaram em conta o retorno escalonado de acordo com a fase 1 do Plano São Paulo lançado pelo governo estadual. Nele, o cenário inicial consiste na volta apenas de 35% dos alunos nas aulas presenciais.
Para a unidade de Pinheiros consideraram 400 estudantes, 25 professores, 9 funcionários e 4 gestores em uma área de 9 mil metros quadrados, índice de densidade escolar igual a 1.
Já na escola da Brasilândia, 700 estudantes, 100 professores, 6 funcionários e 5 gestores ocupariam uma área de 6.500 metros quadrados, uma densidade escolar de 2,77.
A simulação do que aconteceria após 60 dias de aula revelou os dados sobre o contágio.
Na escola de Pinheiros, com menor densidade, o índice de infectados seria de 10,76% e o de mortos, 0,03%. Na da Brasilândia, os infectados chegariam a 46,35% e os mortos, 0,30%.
De acordo com o estudo, em salas cheias, mesmo seguindo todas as medidas, a chance efetiva de transmissão do vírus marca 39%.
No mesmo espaço, para que maioria das pessoas pudesse respeitar o distanciamento social, 70% deveriam ficar parados, sem circulação.
Nas duas escolas, a quantidade de alunos necessária para que não haja potencial infecção está bem abaixo dos 35% exigidos pelo Plano SP.
O estudo sugere também que, para um retorno das aulas mais seguro, se considere menos de 7% dos estudantes nas escolas comprimidas.
“Isso equivaleria a apenas um dia e meio letivo para cada estudante durante um mês”, explica Patrícia Magalhães, da Universidade de Bristol, participante da pesquisa.
Nas escolas maiores, a taxa segura fica em pouco mais de 20% dos estudantes.