Quem costuma usar o Pix e as redes sociais precisa estar de olho em um novo golpe visando investidores desatentos. Chamado de Urubu do Pix, a nova artimanha se aproveita de pessoas que querem obter dinheiro fácil e rápido. É o clássico golpe do retorno: o golpista diz que investimentos de R$ 100 serão revertidos em retornos de até R$ 1 mil.
Obviamente, não passa de fraude. As quantias transferidas ficam retidas em contas falsas, de laranjas ou roubadas por golpistas. Para atrair pessoas, esse tipo de golpe se aproveita das redes sociais, hackeando até contas de pessoas idôneas para dar mais credibilidade e alcance ao golpe.
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O golpe Urubu do Pix se difere de outros semelhantes porque os golpistas usam uma imagem da ave ao lado de uma tabela com os valores dos “investimentos” e dos supostos retornos prometidos. Como mostra a imagem abaixo, o investimento teria retorno de dez vezes, algo surreal em qualquer tipo de aplicação financeira legal.
Ao se aproveitar de contas em redes sociais, como Twitter, Instagram e TikTok, os golpistas conseguem ter um grande alcance e podem persuadir pessoas do país inteiro. Como a promessa é de dinheiro fácil e rápido, não são poucos os que acabam caindo no golpe, principalmente ao verem alguém conhecido ou famoso compartilhando a “proposta de investimento”.
Outro ponto é a facilidade para fechar o negócio, já que as postagens sempre surgem com um link que leva para uma conversa no WhatsApp, o último passo para o golpista conseguir enganar a vítima. É por lá que será enviada a chave do Pix para fazer a transferência e onde o golpe vai ser consumado.
Quem acaba caindo nesse tipo de golpe pode tentar reaver o dinheiro. O primeiro passo é registrar um boletim de ocorrência (BO) na Polícia Civil de seu estado assim que perceber que foi vítima do golpe Urubu do Pix.
Em seguida, é preciso registrar uma reclamação no banco da qual a vítima é cliente, informando todos os dados, comprovantes e documentos, inclusive o BO, e solicitando a devolução dos valores. A vítima tem até 80 dias depois da data em que foi feito o Pix para realizar esse processo.
Com o registro do caso, a instituição bancária da vítima deve registrar uma notificação de infração por meio do Banco Central do Brasil, usando o Mecanismo Especial de Devolução (MED), uma ferramenta que auxilia as vítimas de fraudes usando o Pix desenvolvida para facilitar a devolução do dinheiro.
A seguir, o banco do suposto golpista irá bloquear os valores e ambas as instituições bancárias terão um tempo para avaliar detalhadamente o caso. Após sete dias, se for comprovado o golpe ou a fraude, o dinheiro da vítima será devolvido em até 96 horas.
Caso não haja saldo suficiente para efetuar a devolução total dos valores, até o prazo máximo de 90 dias da transação original a instituição de relacionamento do recebedor deve monitorar a conta e, surgindo recursos na conta, deve efetuar devoluções parciais.
Se, mesmo depois de todos esses processos, a vítima não tiver conseguido reaver o valor transferido, ela pode procurar o Procon de seu estado ou o Poder Judiciário, ou registrar uma reclamação no BC.
O Pix é usado para fraudes desde que ele se tornou disponível pelo Banco Central, ainda em 2020. Mas, assim como outros golpes, o Urubu do Pix pode ser evitado se as pessoas tiverem bom senso.
O primeiro passo é sempre desconfiar de propostas que prometem dinheiro fácil e altos retornos. Leve em conta que a taxa Selic, que atualmente está em 13,75% ao ano. Qualquer investimento que prometa retornos acima de 1% ao mês precisa ser olhado com muito cuidado.
Se você receber uma proposta de investimento de uma pessoa conhecida, primeiro tente contato diretamente com ela e, de preferência, por chamada de vídeo ou pessoalmente. A melhor opção, no entanto, sempre será optar por investimentos em ativos regulados e devidamente credenciados no Banco Central ou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).