Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado altas taxas de juros no cartão de crédito, especialmente no modelo de juros rotativos. Essa realidade tem levado muitas famílias brasileiras à inadimplência e à dificuldade de quitar suas dívidas.
Para combater esse problema, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que institui o programa de renegociação de dívidas de famílias, conhecido como Desenrola. Além disso, o projeto estabelece limites para as taxas de juros e encargos financeiros cobrados no crédito rotativo dos cartões de crédito.
Neste artigo, vamos analisar as principais mudanças propostas pelo projeto e como elas podem impactar a vida dos consumidores brasileiros.
Um dos pontos mais importantes do projeto é a limitação dos juros rotativos do cartão de crédito. Atualmente, as taxas de juros praticadas nessa modalidade são altíssimas, chegando a 445,7% ao ano, de acordo com dados do Banco Central.
O projeto estabelece que o valor da dívida com juros rotativos não pode ser maior que a dívida principal, seguindo um modelo similar ao adotado na Inglaterra. Isso significa que o consumidor não ficará preso em um ciclo interminável de dívidas, pagando apenas os juros e sem conseguir quitar o valor principal.
Caso o setor bancário não apresente uma alternativa nos próximos 90 dias, será aplicado um teto de até 100% de juros sobre o valor total da dívida do cartão de crédito. Essa medida visa estimular os bancos a oferecerem alternativas mais justas e acessíveis aos consumidores.
Outra novidade trazida pelo projeto é a possibilidade de portabilidade da dívida do cartão de crédito. Isso significa que o consumidor poderá buscar ofertas de juros menores em outras instituições financeiras para equacionar sua dívida.
Essa medida tem como objetivo estimular a competição entre as emissoras de cartão de crédito, oferecendo aos consumidores a oportunidade de encontrar condições mais favoráveis para quitar suas dívidas.
Além das mudanças relacionadas aos juros rotativos do cartão de crédito, o projeto também propõe medidas para facilitar o acesso ao crédito. Uma delas é a dispensa da apresentação de certidões de quitação de tributos federais para determinados grupos.
Micro e pequenas empresas, agricultores familiares, mini e pequenos produtores rurais, empreendedores familiares rurais, cooperativas e associações da agricultura familiar serão beneficiados com essa medida, desde que não estejam inscritos em cadastros de inadimplentes.
Outra medida proposta é a dispensa dos documentos para pessoas naturais que exerçam atividade econômica com receita ou renda bruta igual ou inferior ao limite de enquadramento como pequena empresa no Simples Nacional. Essas medidas visam facilitar o acesso ao crédito para esses grupos, estimulando a economia e o desenvolvimento desses setores.
As discussões no setor bancário giram em torno de quatro opções para lidar com as mudanças propostas pelo projeto. São elas:
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já se manifestou sobre algumas alternativas discutidas pelo setor bancário. Uma delas é a diminuição no número de parcelas oferecidas pelos bancos. Segundo Campos Neto, limitar os juros rotativos pode levar a uma redução na oferta de cartões de crédito e no crédito disponível para consumo.
A aprovação do projeto de renegociação de dívidas de famílias e a limitação dos juros rotativos do cartão de crédito são medidas importantes para combater a inadimplência e facilitar o acesso ao crédito no Brasil.
Essas mudanças representam uma oportunidade para milhões de brasileiros saírem da situação de endividamento e conseguirem quitar suas dívidas de forma mais justa e acessível. Além disso, a possibilidade de portabilidade da dívida do cartão de crédito e a dispensa da apresentação de certidões de quitação de tributos federais para determinados grupos são medidas que podem estimular a concorrência entre as instituições financeiras e facilitar o acesso ao crédito para esses grupos específicos.
No entanto, é importante destacar que essas mudanças dependem da atuação conjunta do setor bancário e do poder público. A negociação e implementação de alternativas justas e acessíveis aos consumidores são fundamentais para que essas medidas tenham impacto real na vida dos brasileiros.