Muitos brasileiros que buscaram uma vaga de trabalho no país em 2022 conseguiram um emprego. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo IBGE, o número de desempregados despencou 27,9% no ano passado, o que representa uma queda 3,9 milhões de pessoas.
Com isso, a taxa média anual de desocupação ficou em 9,3% em 2022. Isso corresponde a uma retração de 3,9 pontos percentuais (p.p.) em relação a 2021, quando a taxa de desocupação ficou em 13,2%. Aliás, esse é o menor percentual desde 2015, ou seja, em sete anos, e ocorreu no último ano da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em resumo, os dados da PNAD mostram a forte recuperação do mercado de trabalho após os impactos provocados pela pandemia da covid-19. Decretada em março de 2020, a crise sanitária provocou a perda de milhões de empregos em todo o mundo, inclusive no Brasil.
“O ano de 2021 foi de transição, saindo do pior momento da série histórica, sob o impacto da pandemia e do isolamento ocorrido em 2020. Já 2022 marca a consolidação do processo de recuperação”, afirmou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.
“Em dois anos, a desocupação do mercado de trabalho recuou 4,5 p.p.”, acrescentou. Esse dado é muito positivo e indica que muitos brasileiros conseguiram se inserir no mercado de trabalho nos últimos anos. Contudo, a taxa de desocupação ainda está 2,4 p.p. acima do menor nível da série histórica, observado em 2014 (6,9%).
Segundo o IBGE, a população desocupada totalizou 8,6 milhões de pessoas no quarto trimestre de 2022. Isso representa um recuo de 9,4% em relação ao trimestre anterior (menos 888 mil pessoas) e uma forte queda de 28,6% na comparação anual (menos 3,4 milhões de pessoas desocupadas).
A PNAD Contínua também revelou dados positivos em relação à criação de emprego no país em 2022. Em suma, a população ocupada chegou a 98 milhões no ano passado, em média. Inclusive, essa foi a maior taxa anual da série, ficando 7,4% acima do nível de 2021.
Ao considerar o quarto trimestre de 2022, os números foram ainda melhores, com a população ocupada somando 99,4 milhões de pessoas. O número ficou estável na comparação com o trimestre anterior e cresceu 3,8% em relação ao último trimestre de 2021 (mais 3,6 milhões).
Por sua vez, o nível da ocupação médio ficou estimado em 56,6% em 2022. Em síntese, esse foi o segundo ano de crescimento da taxa, após atingir o menor nível em 2020 (51,2%). No entanto, o valor segue abaixo do maior patamar já registrado, em 2013 e 2014, quando o indicador foi estimado em 58,1%.
A propósito, o indicador nível de ocupação se refere ao percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar. O IBGE revelou que, no trimestre de outubro a dezembro de 2022, a taxa ficou estimada em 57,2%, ficando estável em relação ao trimestre anterior, mas subindo 1,6 p.p. em um ano (55,6%).
O levantamento do IBGE ainda revelou que a população desalentada no Brasil somou 4,3 milhões em 2022.Esse número ficou 19,9% menor que o observado em 2021 (menos 1 milhão de pessoas).
Vale destacar que a maior estimativa para a população desalentada aconteceu em 2020 (5,5 milhões). Por outro lado, o menor número foi observado em 2014 (1,5 milhão de pessoas).
Em resumo, o IBGE explica que a população desalentada é formada por pessoas que estavam fora da força de trabalho do país devido a alguma das seguintes razões:
Em outras palavras, os desalentados do país formam a parte da força de trabalho potencial. Isso quer dizer que eles poderiam trabalhar, mas não o fizeram devido a circunstâncias específicas.
Em suma, a melhora dos dados em relação a 2021 indica que o mercado de trabalho brasileiro continua se recuperando. A decretação da pandemia em março de 2020 agravou os números da população desalentada, e os desafios não deram trégua em 2021, quando houve recordes de casos e mortes no país. Contudo, há uma melhora significativa em 2022.
De acordo com o IBGE, a PNAD Contínua acompanha as variações trimestrais e a evolução da força de trabalho no Brasil. A saber, isso acontece em médio e longo prazo através de coleta, em âmbito nacional, de informações necessárias para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do país.
Em síntese, a implantação da PNAD Contínua aconteceu em outubro de 2011, alcançando o caráter definitivo em janeiro de 2012. A PNAD também divulga informações mensais e anuais, além das trimestrais, sobre força de trabalho no país e desemprego, entre outros pontos.
E os analistas do mercado ficam atentos a esses dados para traçarem possíveis resultados futuros relacionados ao mercado de trabalho brasileiro.