A zeugma é uma figura de linguagem caracterizada por suprimir as palavras da oração sem que modifique o entendimento da mensagem. Através desse recurso, é possível fazer a omissão de um termo que já foi mencionado anteriormente por meio do contexto e de outros elementos gramaticais da oração.
A zeugma é muito usada na linguagem oral e na linguagem escrita, elevando a expressividade da mensagem. A utilização desse recurso permite a não repetição de palavras, criando um discurso mais dinâmico.
Exemplos
Veja exemplos de frases literárias e musicais com zeugma:
- “O colégio compareceu fardado; a diretoria, de casaca.” (Raul Pompeia)
- “Um deles queria saber dos meus estudos; outro, se trazia coleção de selos.” (José Lins do Rego).
- “A vida é um grande jogo e o destino, um parceiro temível.” (Érico Veríssimo)
- “Pensaremos em cada menina/que vivia naquela janela;/uma que se chamava Arabela,/outra que se chamou Carolina.” (Cecília Meireles)
- “O meu pai era paulista/Meu avô, pernambucano/O meu bisavô, mineiro/Meu tataravô, baiano.” (Chico Buarque)
Aplicação da zeugma em outras frases:
- Eu estudei a obra de Machado de Assis; Mariana, de Manuel Bandeira.
- Eu gosto de funk minha mãe, de música sertaneja.
- Na primeira gaveta há folhas; na segunda, caneta.
Zeugma e elipse
Normalmente as pessoas confundem essas duas figuras de linguagem. Contudo, elas possuem diferenças. Para muitos estudiosos sobre figuras de linguagem, a zeugma é vista como um tipo de elipse, já que também é usada para omitir um ou mais termos nas frases. Porém, a principal diferença entre ambas é que a zeugma omite uma palavra já citada no texto, enquanto a elipse omite uma palavra que não foi citada, porém que fica subentendida no texto.
Exemplo de elipse
- Ficamos ansiosos com o resultado. (Pela conjugação verbal podemos identificar a omissão do pronome “nós”.)
Exemplo zeugma
- Joaquim comprou duas calças, eu uma. (Omissão do verbo no segundo período: comprei).
Entendendo a elipse
A elipse também é uma figura de linguagem que tem a função principal de oferecer mais expressividade ao significado de determinado texto. Ela omite termos da frase, sendo que esses podem ser facilmente identificados por meio do contexto em que estão inseridos.
O termo retirado da frase está subentendido, sendo reconhecido unicamente devido ao contexto da oração.
Exemplos de elipse:
- “Na minha mesa, papéis e livros.” (O verbo “haver” está oculto nesta sentença, caso contrário à frase seria: “na minha mesa há papéis e livros”.)
- “No fim da noite, no chão, pessoas e garrafas.” (O verbo “haver” também está oculto.)
- “Chegamos cedo hoje” (O pronome “nós” foi ocultado neste caso.)
- “Preferi não parar, estava com muita pressa.” (Faltou o pronome “eu”.)
- “Não a vimos, por isto viemos embora.” (Omissão do pronome “nós”.)
- “A menina chorava, os olhos inchados e lágrimas a escorrer.” (Omissão do “ver”.)
- “Se me obedeceres, terás recompensa.” (O pronome “tu” foi omitido.)
Outras figuras de linguagem
As figuras de linguagem são recursos da língua portuguesa usadas por escritores, para expandir o significado de um texto literário ou também para preencher a falta de termos adequados em uma frase. O uso das figuras de linguagem aumenta a qualidade do texto.
As figuras de linguagem são divididas em quatro tipos:
– Figuras de palavras: alegoria, perífrase ou antonomásia, catacrese, comparação ou símile, metáfora, metonímia, sinédoque, sinestesia.
– Figuras de construção: anacoluto, anáfora, anástrofe ou inversão, hipérbato, sínquise, assíndeto, polissíndeto, elipse, zeugma, silepse, hipálage, pleonasmo ou redundância.
– Figuras de pensamento: antítese, apóstrofe, eufemismo, gradação ou clímax, hipérbole, ironia, paradoxo ou oxímoro, prosopopeia ou personificação.
– Figuras de som: aliteração, assonância, onomatopeia, paronomásia.
Conheça agora detalhes de algumas figuras de linguagem:
– Paradoxo: quando acontece a associação de conceitos contraditórios na representação de uma só ideia.
Exemplos:
- Minha prima vive no mundo da lua, passa os dias sonhando acordada.
- Mesmo sendo inteligente, se Giovanni não tiver uma mente aberta, viverá para sempre numa sábia ignorância.
- Coitada da pobre menina rica, sempre mimada e paparicada.
- Alegria é assunto sério, devendo ser tratado com o devido respeito!
- Sentir uma doce dor nos dedos dos pés me permite acreditar que em breve andarei novamente.
– Pleonasmo: nesse caso observa-se a repetição de ideias. Dessa forma, existe um excesso de palavras para transmissão da mensagem. Pode ser literário, visando intensificar o que está sendo passado e assim despertar o sentimento e prender a atenção do leitor.
No pleonasmo vicioso a repetição das ideias é dispensável, sendo desnecessário para compreensão da mensagem.
Exemplos de pleonasmo literário:
- “Chovia uma triste chuva de resignação” (Manuel Bandeira)
- “Ó mar salgado, quanto do teu sal/ São lágrimas de Portugal!” (Fernando Pessoa)
- “Morrerás morte vil na mão de um forte.” (Gonçalves Dias)
- “E rir meu riso e derramar meu pranto” (Vinicius de Morais)
- “Me sorri um sorriso pontual” (Chico Buarque)
Exemplos de pleonasmo vicioso:
- Entrar para dentro;
- Sair para fora;
- Subir para cima;
- Descer para baixo;
- Adiar para depois;
- Surpresa inesperada;
- Outra alternativa;
- Ver com os olhos;
- Protagonista principal.
– Metáfora: quando acontece uma comparação entre dois elementos com significados diferentes, cujo termo comparativo fica subentendido na frase.
Exemplos:
- Essa notícia foi um balde de água fria.
- Minha filha está uma girafa!
- Aquele atleta é um touro.
- Esta informação será a chave do problema.
– Eufemismo: é aplicado para deixar o discurso mais suave.
Exemplos:
- Após tanto sofrimento, finalmente entregou a alma a Deus. (em vez de morreu).
- O governo procederá ao reajuste de taxas. (em vez de aumento)
- Meu professor de geografia é de cor. (em vez de negro)
- Aquela família está carenciada. (em vez de pobre)
- Minha irmã está muito cheinha. (em vez de gorda)
- Aquele aluno é desprovido de inteligência. (em vez de burro)
- Tenho uma senhora que me ajuda na limpeza da casa. (em vez de empregada)
- Minha mulher deu à luz ontem. (em vez de pariu)
- Aline já é mocinha. (em vez de menstrua)
– Onomatopeia: são palavras que reproduzem sons ou ruídos na forma escrita.
Exemplos:
- Tic-tac ou tique-taque (relógio)
- Blem blem (badaladas de sinos)
- Ding dong (campainha)
- Plim (magia)
- Boom (bomba)
- Crash (batida)
- Buááá (choro)
- Hahaha (gargalhadas)
- Chuac (beijo)
- Fiu fiu (assobio)
- Miau miau (gato)
- Cócórócócó (galo)
- Cri cri (grilo)
- Vuuuuu (vento)
- Ping ping (chuvisco)
- Cabrum (trovão)