As obras literárias são cobrança certa nos vestibulares de todo o Brasil, nesse sentido, as obras poéticas não ficam para trás. Conheça a obra Poema Sujo, do escritor Ferreira Gullar, obra poética sempre presente nas listas de livros de vestibulares.
O livro Poema Sujo reúne um conjunto de poemas em trabalho de um só corpo, é definido pelo próprio autor como uma “experiência poética única”. A escrita da obra se deu em 1976, no período em que o autor estava em exílio na Argentina.
Desse modo, sua escrita revela muitos traços autobiográficos, pois os mais de dois mil versos contém elementos da vida do autor, como, por exemplo, lembranças da sua infância vivida em São Luís do Maranhão.
Além de refletir os ideais políticos que levaram o autor a ser exilado e impedido de morar no Brasil, durante a Ditadura Militar. Nesse sentido, nas palavras do próprio autor, a escrita da obra era uma necessidade surgida no exílio: “escrever um poema que fosse o meu testemunho final, antes que me calassem para sempre”.
O livro é exemplo da poesia engajada do autor e chegou a ser distribuído clandestinamente no Brasil ainda durante o seu exílio.
Considerada uma das obras mais ousadas e emblemáticas do autor, o livro Poema Sujo tem estética marcante e mescla fases distintas da lírica impressa por Gullar em suas obras. Assim, há trechos nos quais rigorosa métrica é seguida e nos quais os versos são rimados, e há também trechos sem nenhuma preocupação quanto à forma.
Ouça aqui trecho do Poema Sujo lido pela cantora Ana Carolina em um projeto do Grupo Editorial Record.
José Ribamar Ferreira, que assumiu o pseudônimo de Ferreira Gullar, nasceu em 1930, no Maranhão, mas mudou-se para o Rio de Janeiro, onde construiu boa parte de sua carreira e faleceu aos 86 anos.
Gullar foi um escritor, poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta que alcançou grande reconhecimento no Brasil. Tendo ganhado, desse modo, diversos prêmios durante sua carreira, como o Prêmio Camões e o Prêmio Machado de Assis.
Um dos fundadores do neoconcretismo, Gullar foi eleito em 2014 (dois anos antes de seu falecimento) como imortal da Academia Brasileira de Letras. Entre suas obras mais importantes figuram A luta corporal (1954), Poema Sujo (1976) e Muitas Vozes (1999).