O Hemisfério Norte tem enfrentado uma sucessão de eventos climáticos extremos de calor, com recordes históricos de temperatura e períodos excepcionalmente quentes e prolongados. Países como Estados Unidos, Espanha, Grécia, Itália e China têm vivenciado ondas de calor intensas, levando a temperaturas extremas que desafiam os registros anteriores.
Essa situação levanta a questão: Será que esse calor extremo no Hemisfério Norte é um sinal do que está por vir no verão brasileiro?
O Hemisfério Norte tem sofrido com uma série de ondas de calor sem precedentes. Cidades como Phoenix, nos Estados Unidos, têm registrado temperaturas acima de 43ºC todos os dias, enquanto o Vale da Morte, na Califórnia, chegou a atingir incríveis 53ºC. Miami também enfrenta a sua onda de calor mais prolongada da história. Na Europa, a situação não é diferente, com países como Espanha, Grécia e Itália sendo os mais afetados.
Roma, por exemplo, registrou a maior temperatura de sua história, com quase 42ºC, e o Sul italiano chegou perto dos 48ºC. Na Ásia, a China também bateu recordes de calor, com temperaturas que atingiram 52,2ºC no Noroeste do país, estabelecendo um novo recorde nacional absoluto de temperatura máxima.
Essas ondas de calor excepcionais são impulsionadas por uma combinação de variabilidade natural do clima e emissões contínuas de gases de efeito estufa, provenientes principalmente da queima de combustíveis fósseis. Além disso, o retorno do El Niño, um padrão climático cíclico associado a anos mais quentes em todo o mundo, tem agravado ainda mais a situação neste ano.
Segundo o principal climatologista da NASA, Gavin Schmidt, julho de 2023 provavelmente será o mês mais quente do mundo em “centenas, senão milhares, de anos”. Essa tendência de aquecimento global tem preocupado cientistas e especialistas em clima.
Diante desse cenário de calor extremo no Hemisfério Norte, surge a pergunta: Será que o Brasil também enfrentará um verão escaldante? No entanto, responder a essa pergunta não é tão simples, devido às características climáticas do país.
Embora o calor excepcional esteja afetando países do Hemisfério Norte durante o verão, no Brasil as temperaturas mais altas do ano não ocorrem necessariamente nessa estação. Em algumas regiões do país, as maiores temperaturas são registradas no fim do inverno e início da primavera.
O Brasil possui diferentes climas e regiões, o que torna difícil generalizar o impacto do calor extremo no verão brasileiro. Por exemplo, na região Centro-Oeste e Sudeste, os meses mais quentes são marcados pela estação seca, que vai de junho a setembro. Cidades como Cuiabá e Goiânia têm suas maiores temperaturas históricas durante esse período. No entanto, no Nordeste e Norte do Brasil, as altas temperaturas podem ocorrer em diferentes épocas do ano, devido à influência da temporada seca e da umidade.
Em cidades como São Paulo, os meses mais quentes do ano, em termos de média mensal, são durante o verão, de dezembro a março. No entanto, os extremos de calor, com dias de temperaturas muito altas, costumam ocorrer no final da temporada seca, em setembro e outubro. Essa dinâmica é influenciada pela presença das chuvas, que são mais frequentes durante o verão e podem amenizar os extremos de calor.
É importante ressaltar que as temperaturas extremas podem variar em diferentes regiões do Brasil. Por exemplo, cidades como Uberaba e Franca, localizadas no Triângulo Mineiro e interior de São Paulo, respectivamente, registram suas maiores médias máximas anuais em setembro e outubro. Já em Brasília, os meses mais quentes são no final do inverno e início da primavera. Essas variações climáticas tornam difícil prever com precisão como o verão brasileiro será afetado pelo calor extremo do Hemisfério Norte.
Apesar das incertezas em relação ao impacto direto do calor extremo do Hemisfério Norte no Brasil, especialistas alertam que o país pode sim enfrentar extremos de calor excessivo em algumas regiões. A combinação do aquecimento global, ondas de calor marinhas e possíveis influências do El Niño aumentam o risco de temperaturas acima da média no Sudeste, Centro-Oeste, Sul da Amazônia e interior do Nordeste, principalmente entre setembro e novembro. A MetSul Meteorologia adverte que a probabilidade de temperaturas acima da média é alta em quase todo o Brasil, com destaque para a região da Amazônia Legal.
O próximo verão no Brasil, em 2024, pode ser desafiador em termos de calor extremo. Dentre as maiores cidades do país, o Rio de Janeiro é uma das que registram as maiores médias de temperatura do ano durante o verão, além de apresentar extremos de calor nessa estação. A possibilidade de um aquecimento do Atlântico na costa brasileira aumenta ainda mais o risco de um verão muito quente e com muitos dias de temperaturas extremas.
No entanto, é importante ressaltar que nenhuma região do Brasil possui um risco tão alto de repetir os extremos de calor do Hemisfério Norte como o Sul do país. A falta de modulação dos extremos anuais de calor pelo regime de chuvas diferencia essa região das demais.
Embora seja difícil prever com precisão como o verão brasileiro será afetado pelo calor extremo do Hemisfério Norte, é importante estar preparado para possíveis extremos de calor no país. As mudanças climáticas globais têm impacto em todo o mundo, e o Brasil não está imune a esses efeitos.
A combinação de fatores como o aquecimento global, ondas de calor marinhas e possíveis influências do El Niño aumentam a probabilidade de temperaturas acima da média em diversas regiões do país. Portanto, é fundamental que as autoridades, especialistas e a população em geral estejam atentos aos alertas e recomendações relacionados ao calor extremo, visando a saúde e o bem-estar de todos.