O volume de vendas no varejo brasileiro cresceu 0,1% em abril, em comparação com o mês anterior. O resultado foi bastante tímido e reflete as dificuldades que o setor vem enfrentando para se manter em campo positivo nos últimos meses.
Ainda assim, vale destacar que as vendas no comércio varejista ainda não registraram resultado negativo em 2023. Apesar de os avanços terem sido leves neste ano, esses resultados já são motivos de comemoração, uma vez que não representam queda nas vendas do país.
Na comparação com abril de 2022, o volume de vendas cresceu 0,5%, nona taxa positiva consecutiva. Isso mostra que os resultados deste ano estão melhores que os do início do ano passado.
A propósito. os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada nesta semana.
O IBGE revelou que, na comparação com março, o volume de vendas cresceu em apenas três das oito atividades pesquisadas. Em contrapartida, os resultados das demais atividades foram negativos.
Confira abaixo as variações registradas em abril:
Em abril, a maioria das atividades pesquisadas registrou queda no volume de vendas. Contudo, o volume nacional ficou positivo graças à atividade de hiper e supermercados, que exerceu uma forte influência na taxa nacional. Aliás, o forte resultado de abril aconteceu graças à Páscoa.
“Antes da pandemia, os resultados das vendas da Páscoa no varejo apareciam sobretudo em abril. Nos anos subsequentes, os ovos começaram a ser vendidos muito antes, em janeiro, e essas vendas eram diluídas ao longo desses meses. Neste ano, houve uma volta ao padrão de antes, e o resultado forte das vendas da Páscoa puxou o setor de hiper e supermercados“, explicou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
Em abril, as maiores quedas nas vendas foram registradas pelos grupamentos de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-7,2%) e de tecidos, vestuário e calçados (-3,7%).
“A trajetória dessa atividade [equipamento e material para escritório, informática e comunicação] é relacionada às variações do dólar, com as quedas e as altas que se alternam ao longo dos meses“, avaliou o gerente da pesquisa. Ele afirmou que a atividade está 17,8% abaixo do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020.
Por sua vez, “a atividade de tecidos, vestuário e calçados tem uma trajetória de queda há muito tempo. Se olharmos todos os indicadores desse setor, desde setembro, em geral, o cenário é muito negativo, com exceção de janeiro (27,3%), quando grandes redes fizeram promoções, após as vendas fracas no Natal e na Black Friday“, explicou Santos.
“Com o menor deslocamento das pessoas, houve menos necessidade de consumir produtos dessa natureza, como roupas e calçados. Essa mudança no consumo impactou as grandes redes, que têm fechado lojas nesse período em todo o país“, acrescentou.
Com o acréscimo do resultado de abril, o setor de tecidos, vestuário e calçados ficou 22,1% abaixo do nível observado em fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19. Aliás, a atividade é uma das que ainda não conseguiram recuperar as perdas provocadas pela crise sanitária no país.
O IBGE informou que as vendas no varejo brasileiro cresceram em 16 das 27 unidades federativas (UFs) em abril. Em resumo, esse avanço não ficou muito disseminado, mas atingiu a maioria das UFs, fortalecendo o avanço da taxa nacional no quarto mês de 2023.
Segundo o levantamento, as UFs que se destacaram positivamente no mês foram:
Por outro lado, entre os recuos, as UFs que tiveram as principais quedas no mês foram:
Por fim, o IBGE explicou que “a PMC produz indicadores que permitem acompanhar o comportamento conjuntural do comércio varejista no país, investigando a receita bruta de revenda nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, e cuja atividade principal é o comércio varejista“.