Embora não seja tão grande, a economia brasileira vem mostrando desempenho neste início de ano vindo em linha com a expectativa de grande parte do mercado, crescendo 1% no primeiro trimestre. Contudo, o Brasil terá de lidar com uma série de riscos que devem fazer com que a atividade econômica desacelere nos próximos meses.
Na passada de ano de 2021 para 2022, uma parte dos analistas chegou a apontar para a possibilidade de o país colher um ano de recessão. Contudo, atualmente, a expectativa para a economia é um pouco melhor, de acordo com especialistas as previsões mais otimistas projetam um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na faixa de 1,5%.1
Dentre os fatores que inibem um crescimento mais forte da economia no restante deste ano inclui: inflação em dois dígitos por um longo período, juros em alta e piora da atividade econômica global. “É fato que o (resultado) do primeiro trimestre veio melhor (do que o esperado), mas já há uma expectativa de enfraquecimento no segundo, terceiro e quarto trimestres”, afirma Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências.
A inflação é um problema muito presente na economia brasileira, essa está acima dos dois dígitos desde setembro do ano passado. Em abril, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 12,13% em 12 meses, a maior medição para o período de um ano desde outubro de 2003 (13,98%).
Desde o início do ano, as previsões para o IPCA de 2022 estão sendo revisadas para cima. Grande parte de bancos e consultorias já chega a projetar uma inflação próxima a 10%, este valor marcaria um segundo ano consecutivo do estouro do teto da meta, que é de 5%.
Uma inflação elevada por tanto tempo diminui o poder de compra das famílias, sobretudo das mais pobres. “Essa revisão da inflação bate na renda e, consequentemente, em potencial de consumo”, diz Alessandra.
Devido à alta inflação na economia, o Banco Central tem sido obrigado a subir a taxa básica de juros (Selic). Desde março do ano passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) começou a aumentar a Selic. Os juros saíram de 2% e chegaram a 12,75% ao ano em abril, no maior patamar visto desde 2017. A previsão da maioria dos analistas é a de que ela suba ainda mais, para 13,25% ao ano.
Deve-se lembrar que juros mais altos encarecem a tomada de crédito para as famílias e o investimento para as empresas. “Na medida em que a inflação demora para ceder, o Banco Central vai precisar manter a política monetária contracionista (os juros em alta) por mais tempo e, consequentemente, isso terá um impacto na atividade”, afirma Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank.
Essa alta de juros leva um tempo para ter um efeito na atividade econômica, de acordo com os analistas isso pode levar de seis a nove meses. Portanto, isso explica por que o ciclo de alta de juros vai pesar muito no ritmo da economia no segundo semestre e também em 2023.