Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), afirmou nesta terça-feira (15) que vacinar a população sai mais barato do que uma prorrogação dos programas emergenciais do governo, como o auxílio emergencial. Foram criados diversos programas para combater a crise causada pela pandemia do novo coronavírus.
De acordo com Campos Netos, não existe espaço fiscal para prorrogar e estender os gastos públicos do governo. “Há um foco nas vacinas, em quem vai conseguir antes e a logística, o mercado está focado nisso também”, afirmou Campos Neto durante evento virtual GZero LatAm Forum 2020, organizado pela Eurasia Group e transmitido pela B3.
Campos Neto opinou que os gastos do governo durante a pandemia foram necessários, mas é importante transmitir ao mercado que existe intenção de voltar à austeridade fiscal, caso contrário o perfil de dívida piorará. “A discussão agora é de como vai ser o gerenciamento dessa dívida. O efeito colateral da dívida alta é que vamos mudar o seu perfil, que começará a ser financiada no curto prazo”, disse ele.
O presidente do Banco Central também não descartou a possibilidade de dominância fiscal quando a política fiscal tem maior peso na política monetária. “Estamos em um período em que a vacina está chegando e o governo decidiu investir nisso. Se nada funcionar e voltarmos a situação de crescimento baixo e inflação ruim, a gente vai ter esse cenário de dominância fiscal”, afirmou.
Em março deste ano, para amenizar os efeitos negativos da pandemia na economia do Brasil, o governo de Jair Bolsonaro havia decidido pagar R$ 200 para trabalhadores informais. Pouco depois, o Congresso Nacional acabou subindo o valor para R$ 500, que foi fechado definitivamente em R$ 600. Esse grupo de trabalhadores teve direito ao pagamento de cinco parcelas de R$ 600. Em alguns casos, alguns trabalhadores ganharam até quatro parcelas de R$ 300 de prorrogação.