“Vacina de ar?” Saiba como ter certeza de que foi imunizado

Envolvidos no golpe da "vacina de vento" podem responder por peculato

Nas últimas semanas, ao menos três casos de idosos que foram enganados e receberam uma “vacina de ar” no lugar de um imunizante contra Covid-19 ganharam destaque nas redes sociais. Afinal, como saber que você foi de fato vacinado e não caiu no golpe da “vacina de vento”?

Agente finge aplicar vacina no Rio de Janeiro, mas não injeta o líquido. Foto: Reprodução

Para ter certeza de que recebeu uma dose de vacina contra Covid-19, é possível acompanhar todo o processo feito pelo agente de saúde, sendo permitida inclusive a verificação do frasco do imunizante e da seringa antes e depois da aplicação.

“Idosos têm direito a estarem acompanhados. O procedimento correto é o próprio profissional de enfermagem mostrar a seringa antes, durante e depois. Mostrando que a seringa vai ser aberta etc. Tem toda uma norma técnica, um protocolo que deve ser seguido.”, explicou ao jornal Extra o professor do Instituto de Medicina Social da Uerj, Mario Roberto Dal Poz.

A presidente da Sociedade de Infectologia do Rio de Janeiro, Tânia Vergara, também recomenda o acompanhamento de todo o processo de vacinação, evitando aglomerações.

“O recomendado é ficar de olho em todo o processo: desde a retirada da dose do frasco até a aplicação”, orienta a especialista em entrevista ao jornal Extra.

Já a pediatra alergista e imunologista Fernanda Fagundes, professora de Alergia e Imunologia da Unigranrio, faz um alerta para os riscos de tomar uma “vacina de ar”.

“A vacinação é intramuscular. Então, o que pode ocorrer é dor local e inchaço. Se, por acaso, pegar algum vaso e for injetada uma quantidade em torno de 50 ml de ar rapidamente, aí tem risco de fazer embolia.”, explica a médica.

Vale conferir se o número do lote no comprovante de vacinação é o mesmo que o do frasco do imunizante, além de fotografar o ato da vacinação.

Polícia investiga golpe da “vacina de vento” no RJ

No último final de semana, o caso de uma idosa de 94 anos que recebeu uma “vacina de ar” viralizou nas redes sociais. No vídeo feito por um parente, é possível ver que a agulhada foi dada com a seringa vazia.

Outros dois casos parecidos foram registrados no Rio de Janeiro e em Niterói. A polícia investiga as ocorrências e os envolvidos poderão responder por peculato — crime em que funcionário público age em proveito próprio ou alheio.

“A partir da divulgação do vídeo pelas redes sociais, instauramos o procedimento para apurar as circunstâncias da vacinação da idosa. A prefeitura está colaborando bastante com as investigações e, inclusive, já mudou os protocolos de imunização” disse ao jornal Extra o delegado João Valentim, titular da 105ª DP (Petrópolis).