Os brasileiros que consomem carne bovina poderão ter uma grande notícia nos próximos dias. De acordo com economistas, a suspensão das exportações para a China devido à doença “vaca louca” deverá reduzir os preços da carne bovina no país.
Em resumo, os economistas estão monitorando os desdobramentos de um caso confirmado da doença da “vaca louca” no Pará na semana passada. A expectativa é que os preços caiam no país, mas o recuo deverá acontecer apenas no curto prazo.
Como o Brasil não está podendo enviar carne bovina para a China, que é o seu principal parceiro comercial, o escoamento da produção não ocorre em sua totalidade. Assim, a oferta poderá crescer mais que a demanda, o que resultaria na diminuição do preço da proteína.
“Temos sinais de que o lado da oferta está ajudando a inflação, na função custo – a energia não está tão cara, por exemplo -, as commodities em reais estão nos níveis mais baixos dos últimos 14 meses. E temos questões pontuais também, como a ‘vaca louca’, que acaba gerando excesso de oferta de boi no país e traz um risco baixista também pela ótica da oferta”, explicou Vitor Martello, economista da Parcitas Investimentos.
Não há expectativa sobre o retorno das exportações para a China. Em 2019, o Brasil registrou a doença “vaca louca”, provocando a suspensão dos envios de carne bovina para o país asiático por 13 dias. Já em 2021, a demora passou dos 100 dias.
“Vale lembrar que quanto maior o tempo de embargo, mais intensa a queda das exportações e dos preços internos do boi gordo, ainda que efeito seja temporário”, informou a equipe do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos.
No último dia 22 de fevereiro, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou que as exportações de carne bovina para a China estavam temporariamente suspensas. A decisão atende ao protocolo sanitário entre o Brasil e o país asiático e acontece devido à detecção da doença da “vaca louca”.
Em resumo, isso aconteceu devido à confirmação de um caso no Pará. Aliás, decisões dessa natureza acontecem com pouca frequência no país, mas sempre em que há confirmação da doença. E um dos procedimentos consiste na interrupção das exportações da proteína bovina para o país asiático.
Na verdade, o Brasil realiza procedimentos de vigilância, investigação e notificações recomendadas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês). E, seguindo os procedimentos do protocolo sanitário, o país suspendeu as exportações de carne bovina para a China.
“Seguindo o protocolo sanitário oficial, as exportações para a China serão temporariamente suspensas a partir desta quinta-feira (23). No entanto, o diálogo com as autoridades está sendo intensificado para demonstrar todas as informações e o pronto restabelecimento do comércio da carne brasileira”, afirmou o Mapa em nota.
De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), a suspensão temporária das exportações para a China poderá causar grandes perdas para o mercado nacional de carne. Isso porque, juntamente com Hong Kong, a China responde por mais da metade dos embarques dos frigoríficos do país.
O presidente da Associação de Exportadores Brasileiros, José Augusto de Castro, explicou que a suspensão das exportações de carne bovina para a China devem durar até abril. Em suma, o prazo prolongado é necessário para esclarecer todos os pontos e retomar os embarques para o país asiático.
A propósito, a detecção da “vaca louca”, com a consequente suspensão das importações, pode provocar um prejuízo de cerca de US$ 500 milhões, segundo Augusto de Castro, que deu entrevista para a CNN na semana passada.
A doença da “vaca louca” acomete os animais, mas o ser humano também pode desenvolver o príon infeccioso. Da mesma forma que acontece com o gado, a doença pode surgir nos humanos de maneira espontânea ou pelo consumo de carne bovina contaminada com a doença.
Em síntese, a “vaca louca” pode causar perda de memória, depressão, perda visual e insônia nos humanos. Aliás, em alguns casos, a doença até pode demorar anos para se manifestar.
Seja como for, quando há o diagnóstico da doença em um ser humano, o tratamento padrão dos pacientes é realizado com antivirais e corticoides. Entretanto, cerca de 90% dos indivíduos morrem no período de um ano por causa da doença.
Inclusive, há profissionais da saúde que afirmam que a doença leva à morte em 100% dos casos. O tempo para a evolução do quadro pode variar entre os pacientes infectados, mas não há tratamento que reverta o quadro, pois o ser humano ainda não desenvolveu tratamento para doenças priônicas.