Prometido para o ano de 2023, o programa Voa Brasil deve mesmo ser lançado apenas neste ano de 2024. Este é o projeto que deve disponibilizar passagens aéreas no valor de R$ 200 para qualquer trecho do país. O texto do programa ainda está sendo desenhado.
Mas um ponto que já é possível adiantar, é que o Voa Brasil não deverá atender todos os públicos. Ao menos neste momento inicial, apenas algumas pessoas terão o direito de usar as passagens de R$ 200 para qualquer trecho do país. E a escolha dos grupos que terão a possibilidade de compra está causando expectativa.
É o caso, por exemplo, dos usuários do Bolsa Família. Dados oficiais do Ministério do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome indicam que mais de 21 milhões de pessoas estão aptas ao recebimento deste benefício social neste ano de 2024.
Hoje, o Bolsa Família faz pagamentos médios de quase R$ 700 por família. Este valor seria mais do que suficiente para garantir a passagem de avião para qualquer trecho do país, não apenas para a ida, mas também para a volta destas pessoas.
A avaliação de parte do governo federal é de que a entrada de usuários do Bolsa Família no Voa Brasil seria benéfica sobretudo para aquelas pessoas que estão em situação de vulnerabilidade social, e que poderiam viajar para outros estados para começarem a trabalhar. Muitas vezes, elas precisam recusar ofertas de emprego porque sequer têm o dinheiro da passagem.
O governo federal ainda não bateu o martelo sobre quais grupos poderão fazer parte do Voa Brasil. Em entrevistas recentes, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, vem dizendo que sua ideia é atender apenas os aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e os estudantes do Prouni.
Mas em entrevista recente o CEO da Gol, Celso Ferrer, falou sobre o tema. De acordo com o empresário, o governo está discutindo a possibilidade de entrada dos usuários do Bolsa Família e também de outros programas do poder executivo.
“Ainda está sendo discutido qual tecnologia será usada, quem estará elegível”, disse ele. “Nossa única preocupação é evitar qualquer tipo de canibalização com nossos consumidores atuais. Podemos ter um incremento de mais de um milhão de passageiros com o programa”, completou ele.
O fato é que a novela continua. De acordo com informações divulgadas pelo jornal Folha de São Paulo, o ministro Silvio Costa Filho deverá se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar sobre o tema. Entretanto, ainda não há uma data para este encontro.
A projeção do governo federal é que a reunião aconteça em algum dia ainda neste primeiro mês de 2024. Os mais otimistas indicam que o programa poderia sair do papel logo depois de Lula dar o aval, ou seja, os cidadãos poderiam começar a comprar passagens a R$ 200 já em janeiro.
“Temos possibilidade de inserir mais 30 milhões a 50 milhões de brasileiros na aviação. Não conseguimos fazer um programa para todos os brasileiros da noite para o dia. A primeira etapa será com públicos específicos”, disse Silvio Costa Filho.
O plano é fazer com que o programa só funcione na chamada baixa temporada, ou seja, quando as aeronaves comerciais estão notadamente menos cheias.
“A gente não tem recursos para financiar passagens, como hoje existe em alguns países no mundo que entram com a complementariedade […] O que nós queremos é trabalhar em conjunto com as companhias aéreas para buscar caminhos para criar o melhor ambiente para a redução das passagens aéreas”, afirmou o ministro de Portos e Aeroportos.