Estudantes da UnB (Universidade de Brasília) nos cursos de engenharia elétrica e mecatrônica estão buscando uma alternativa para levar adiante matérias ministradas por um professor que reprova a maioria dos alunos.
O professor João Ishihara que ministra duas disciplinas, e uma delas é ensinada somente por ele e segundo os alunos, isso tem prejudicado e criado um grande atraso.
Um estudante que está cursando o 8° semestre de engenharia mecatrônica e preferiu ficar no anonimato, revelou que teve aula de controle de sistemas dinâmicos com o professor no último semestre.
Somente ele e outros sete alunos se matricularam para a disciplina. “Ela é ofertada por outros dois professores, mas com o Ishihara era a única que cabia na minha grade horária, então tive que tentar”, disse.
O aluno também afirmou que as atividades eram passadas toda sexta-feira para serem entregues na segunda, mesmo com as aulas sendo na terça e quinta.
Ela também completa: “As provas eram no sábado. Começavam às 8h e fechavam às 20h. Mesmo com esse tempo todo, ninguém conseguia concluir a prova”.
O estudante não conseguiu ir bem na primeira prova, e decidiu se preparar ainda mais para o segundo exame. Na próxima avaliação ele não teve um bom desempenho e foi questionar o professor.
“Passei o dia estudando a prova, preparando os argumentos… Aí ele me disse que me deu ponto em uma questão por pena, pois do jeito que entreguei era melhor ter deixado em branco”, lembra.
O estudante teve de trancar a disciplina, assim como outros quatro ao longo do semestre. “Nenhum conseguiu passar nas provas. Só um aluno no fim conseguiu, depois de fazer mais alguma coisa. Para este próximo semestre eu já procurei outra turma”, comenta.
O presidente do (Caene) Centro Acadêmico de Engenharia Elétrica Ivan Cunha diz que essas queixas são comuns. “Estou na presidência há dois anos e desde a época em que as aulas eram presenciais já tinha essa reclamação”.
De acordo com ele, os alunos reclamam que as provas não refletem aquilo que foi passado em sala de aula, além de serem extensas. “O professor é bem incompreensível na correção das notas. Essas disciplinas você precisa tentar adivinhar o modo correto errando algumas vezes, e isso leva tempo”, explica.
A fama do professor Ishihara se espalhou na universidade e ninguém quer pegar a disciplina com ele. “Só para se ter uma ideia, controle de sistemas dinâmicos tem outras duas turmas com outros dois professores. Uma está cheia e com lista de espera de 52 pessoas, outra tem 18 matriculados, e a dele tem apenas seis”, aponta Ivan.
Ele diz que já tentou conversar com o próprio docente e teve reuniões com coordenadores de cursos, chefes de departamento e até a direção da Faculdade de Tecnologia, mas nada foi efetivamente feito.
“A gente quer que a disciplina que só ele é professor, de controle do espaço de estados, seja dividida ou outra pessoa assuma. Muitos alunos concluem o curso e ficam às vezes só com ela pendente”, afirma.
A faculdade e o professor João Yoshiyuki Ishihara informaram que “as duas provas da disciplina controle no espaço de estados tiveram prazo de entrega de 12 horas – e não 12 horas de duração”.
Também afirmaram que o período longo justifica-se “no intuito de garantir ao discente tempo suficiente para resolver as questões, mesmo em caso de problemas técnicos com a internet ou compromissos em horário concomitante à aula”.
Já quando abordado sobre o conteúdo das provas, foi informado que “limitou-se àquele aplicado em sala de aula, apresentado por meio de explanações teóricas e exercícios práticos. Pela possibilidade de consulta externa durante a aplicação das provas (livros, sites com exercícios já resolvidos e ferramentas de solução computacionais), fez-se necessária a elaboração de questões diferentes das dos livros indicados na ementa do curso”.
Por fim, ele completa: “Com exceção de alunos nos quais foram identificados indícios de plágio em questões da segunda avaliação, foi garantido a todos os discentes o direito à revisão de notas e menções, as quais foram analisadas caso a caso. Para os primeiros, foi orientado que entrassem com um pedido formal de revisão de menção junto à faculdade”.
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