O índice de turismo do Brasil encolheu 0,2% em maio deste ano, na comparação com o mês anterior. A queda interrompeu dois meses de alta, período em que as atividades turísticas acumularam um ganho de 2,4%, ou seja, não impactou fortemente esse avanço.
Com o acréscimo do resultado de maio, o índice de atividades turísticas seguiu acima do nível de fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19. O segmento de turismo está 4,6% acima do patamar pré-pandemia.
Por falar na crise sanitária, o setor turístico sofreu fortes perdas nos últimos anos. Em síntese, a crise sanitária afundou o turismo em todo o mundo devido ao incentivo ao distanciamento social e às restrições às viagens, medidas que visavam evitar a disseminação do coronavírus.
Em 2022, o índice de atividades turísticas do Brasil cresceu 29,9% em relação a 2021, refletindo a recuperação do turismo nacional. Aliás, o desempenho surpreendeu os analistas, que não esperavam uma alta tão significativa assim. A melhora do quadro sanitário e o fim das restrições fortaleceram a busca dos consumidores por viagens e pacotes turísticos em todo o país.
Já em 2023, o indicador cresceu 2,3% em relação ao ano anterior. O avanço foi bem mais tímido que o registrado em 2022 devido a forte base comparativa. Apesar da desaceleração, o resultado foi bastante positivo, indicando a melhora gradativa do setor.
Agora, em 2024, o turismo brasileiro acumula alta de 1,1% em relação ao mesmo período do ano passado. O avanço é mais fraco que o de 2023, mas ainda é bastante positivo, por se tratar do terceiro ano de alta.
Todos esses dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada nesta semana.
Em maio, o índice de atividades turísticas recuou devido às quedas registradas em seis dos 12 locais pesquisados pelo IBGE. O recuo ocorreu, apesar do equilíbrio entre avanços e quedas, porque os recuos exerceram um impacto mais forte na taxa nacional.
Confira abaixo os estados que tiveram os principais recuos em fevereiro:
O resultado no Rio Grande do Sul já era esperado, visto que o estado sofreu no final de abril e início de maio com chuvas torrenciais e inundações, que causaram a morte de centenas de pessoas e um rastro de destruição. Aliás, esse evento é considerado a maior catástrofe climática do estado gaúcho.
As inundações fizeram o Rio Grande do Sul exercer o maior impacto negativo na taxa nacional em maio. “Resultado explicado, em grande medida, pelos desastres provocados pelas enchentes, que danificaram os estabelecimentos de prestação de serviços, destruíram a infraestrutura das cidades e reduziram, em larga escala, a mobilidade da população“, explicou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa.
Por outro lado, os impactos positivos mais intensos, que limitaram um pouco do recuo registrado no segundo mês deste ano, vieram do Rio de Janeiro (2,5%) e da Bahia (1,9%).
A saber, o turismo brasileiro ficou abaixo do patamar pré-pandemia por quase dois anos, até novembro de 2022. Entretanto, conseguiu superar essa marca em dezembro de 2022, e vem se mantendo acima dela desde então.
Embora tenha eliminado todas as perdas acumuladas na pandemia, o índice de atividades turísticas continua abaixo do patamar mais alto já observado na série. A propósito, o indicador está 3,0% abaixo do ponto mais alto já registrado, alcançado em fevereiro de 2014.
Além de ter recuado em relação ao mês anterior, o IBGE revelou que o índice de atividades turísticas também encolheu na comparação anual, e a queda foi um pouco mais intensa. Em resumo, o turismo brasileiro caiu 0,7% em relação a maio de 2023, primeira queda após 37 meses de avanços, em relação ao mesmo período do ano anterior.
O crescimento anual teve início em abril de 2021, principalmente por causa da base comparativa mais fraca. Isso porque a pandemia foi decretada em março de 2020 e, a partir daquele mês, a crise sanitária derrubou os dados do turismo mundial, incluindo o do Brasil.
Como a pandemia afetou diretamente o índice de atividades turísticas, todos os dados se enfraqueceram, principalmente a partir de abril 2020. Dessa forma, o indicador passou a registrar avanços significativos em relação ao mesmo período do ano anterior em 2021, e manteve essas taxas positivas até abril.
Em relação a maio de 2023, o índice de atividades turísticas caiu em apenas cinco dos 12 locais pesquisados pelo IBGE. Contudo, mais uma vez, o desastre no Rio Grande do Sul derrubou a taxa nacional. Aliás, as maiores quedas vieram dos seguintes estados: Rio Grande do Sul (-39,4%), seguido por São Paulo (-2,0%), Distrito Federal (-5,6%) e Espírito Santo (-8,4%).
Em contrapartida, Bahia (23,2%) e Minas Gerais (8,1%) exerceram os principais impactos positivos do mês, mas não conseguiram impedir a queda média nacional.