Segundo pesquisa da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), a taxa de mortalidade dos pacientes com Covid-19 internados em UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) no Brasil é de 47,6%. O estudo foi realizado em 37 hospitais de Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, contando com a participação de cerca de 150 profissionais de saúde e 27 estudantes de medicina e enfermagem.
O estudou criou um tipo de “calculadora” para ajudar médicos a tomarem decisões baseadas em análises de dados de milhares de pacientes sobre o tratamento da Covid-19, visando a diminuição de mortes causadas pela doença.
“Em uma primeira análise do estudo, que começou no início da pandemia, em dois mil pacientes cadastrados foi observado que 1 em cada 5 internados em diferentes cidades faleceram. A situação fica mais grave considerando internados em UTI: a cada dois pacientes, um faleceu. Mais tarde, quando chegamos a cinco mil pacientes, desenvolvemos a ‘calculadora’. Ela foi aplicada em mais de mil pacientes do Brasil e também em pacientes de Barcelona. Os resultados foram muito bons”, disse ao portal G1 a professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Milena Soriano Marcolino, que coordena o projeto.
A calculadora, que pode ser acessada gratuitamente no site, leva em conta fatores como idade, comorbidades, nível de plaquetas e frequência cardíaca, entre outros, e deve ser usada assim que o paciente chega ao hospital. Em hospitais sem acesso à internet, uma versão em papel da calculadora será disponibilizada.
“Nós usamos dados desde a admissão no hospital para que a calculadora fosse útil precocemente na chegada. Para que médico e enfermeiro consigam, precocemente, identificar pacientes que precisam de reavaliações mais frequentes e, às vezes, uma locação mais precoce em terapia intensiva”, disse a médica.
O estudo da UFMG ainda aponta que, no Brasil, 60% dos pacientes com Covid-19 colocados no respirador artificial morrem, um número maior que a média de 45% registrada no mundo. A pesquisa também traz números em relação a infecções e uso de antibióticos: 15% dos pacientes tiveram septsemia (infecção generalizada), 13% desenvolveram infecção bacteriana e 87,9% receberam antibiótico.
O alto índice de pacientes que tomaram antibióticos preocupa, pois muitas pessoas tomaram o medicamento sem infecção por fungo ou bactéria.
“Futuramente, sofreremos alta resistência aos antibióticos e isso é gravíssimo. Muitas vezes não é automedicação. Médicos receitam o antibiótico porque estão com dificuldade de lidar com uma doença que não tem tratamento”, disse Milena.