Dólar CAI pelo 5º pregão seguido, com repercussão da ata da última reunião do Copom

O dólar caiu pela quinta vez consecutiva, algo que não acontecia há meses. A sequência de quedas mostra que o cenário doméstico está sendo bem visto pelos investidores, ao menos em parte. Até porque, nesta terça-feira (7), o que se viu no exterior foi um desempenho mais forte do dólar ante as divisas. Contudo, isso não aconteceu em relação ao real brasileiro.

Na sessão de hoje, o dólar caiu 0,25% e fechou o dia cotado a R$ 4,8750. Esse é o menor patamar desde 19 de setembro, quando a moeda encerrou o pregão cotada a R$ 4,8725, ou seja, em um mês e meio.

Nesta semana, os investidores seguiram repercutindo as decisões tomadas pelos bancos centrais na semana passada em relação aos juros. Aliás, nesta terça-feira (7), o Banco Central (BC) divulgou a ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC e as expectativas dos diretores em relação ao futuro da economia brasileira.

Em novembro, o dólar acumula uma queda firme de 3,29%. O resultado sucede as altas de agosto (4,68%)setembro (1,55%) e outubro (0,28%), e mostra que a desaceleração observada nos últimos meses está culminando em uma forte queda em novembro, ao menos até agora.

Já no acumulado de 2023, a divisa tem um recuo ainda mais intenso, de 7,64% no ano. Inclusive, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.

Dólar acumula queda de 7,64% no ano
Dólar acumula queda de 7,64% no ano. Imagem: Agência Brasil.

BC divulga ata da última reunião do Copom

Na última quarta-feira (1º), o Copom reduziu pela terceira vez consecutiva a taxa básica de juro da economia brasileira, a Selic, em 0,50 ponto percentual. Com isso, a taxa de juros do país caiu de 12,75% para 12,25% ao ano.

O corte de meio ponto percentual era esperado pelo mercado, que também projeta uma nova redução de mesma magnitude em dezembro, na última reunião de 2023 do Copom.

A propósito, os cortes seguidos dos juros no Brasil indicam que a política monetária menos contracionista está funcionando, pois continua limitando o avanço da inflação, mesmo que os juros estejam diminuindo.

De acordo com a ata divulgada hoje (7), o BC aumentou as incertezas em relação às contas públicas. Em suma, o governo federal estabeleceu a meta de déficit zero para 2024, mas declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocaram dúvidas sobre a meta.

O Comitê vinha avaliando que a incerteza fiscal se detinha sobre a execução das metas que haviam sido apresentadas, mas nota que, no período mais recente, cresceu a incerteza em torno da própria meta estabelecida para o resultado fiscal, o que levou a um aumento do prêmio de risco“, informou o Copom, em nota.

Documento fala sobre expectativas de inflação no Brasil

Na ata do Copom, a instituição afirmou que é muito importante manter a “firme persecução” das metas fiscais estabelecidas. Isso acontece para que se fortaleça a “ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária [definição dos juros para conter a inflação]”, informou o Copom.

Em síntese, quanto mais o governo federal gastar, mais pressionada tende a ficar a inflação. Por isso, quando o presidente Lula mostra pouca importância em conseguir zerar o déficit das contas públicas em 2024, o Copom entende que há mais incertezas sobre a inflação controlada no país.

Entenda como funciona a taxa Selic

A saber, a taxa Selic tem como principal função limitar o avanço da inflação no Brasil. Quanto mais alta ela estiver, mais elevados ficam os juros, no geral, como o imobiliário e o bancário. Isso acontece para que o poder de compra do consumidor fique reduzido e, assim, haja um enfraquecimento na demanda por produtos e serviços.

Em síntese, quanto menor a demanda, menores tendem a ser as variações nos preços. Aliás, o Copom eleva os juros, pois o BC deve agir para atingir a meta da inflação estabelecida em cada ano para o Brasil.

Em 2023, a meta central da inflação é de 3,25%, mas a taxa pode variar 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Assim, caso a inflação varie entre 1,75% e 4,75% em 2023, ela terá sido formalmente cumprida.

Como a taxa inflacionária vem desacelerando nos últimos meses, o BC passou a reduzir os juros, e o resultado tem se mostrado muito positivo, já que a inflação não voltou a ganhar força no país. Por isso que o dólar está caindo, enquanto o Ibovespa segue em forte alta no dia.

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