Com críticas ao lockdown, Bolsonaro distorce fala de Angela Merkel e emissora alemã rebate

Durante conversa realizada na tarde desta quinta-feira (25) em frente ao Palácio da Alvorada, Jair Bolsonaro comentou a decisão do governo da Alemanha de cancelar um novo lockdown com os seus apoiadores.

Alvo de contínuas cobranças no enfrentamento à pandemia, o presidente afirmou que o recuo alemão ocorreu em detrimento dos efeitos do confinamento serem piores do que as consequências do vírus:

“A Angela Merkel, ia ter um lockdown rigoroso lá e ela cancelou, pediu desculpas. Ela falou lá, segundo a imprensa, que os efeitos do fechar tudo são muito mais graves do que os efeitos do vírus, palavras delas, não é minha não”.

A fala de Bolsonaro diz respeito ao anúncio feito pela chanceler alemã na última quarta-feira (24). A primeira-ministra Angela Merkel recuou dos planos de promover um confinamento rígido durante o feriado de Páscoa.

Embora tenha anunciado o lockdown, a líder alemã desistiu dos planos e afirmou que a decisão de elevar as restrições fazia sentido, mas não houve planejamento prévio suficiente pelo curto espaço de tempo.

Lockdown cancelado na Alemanha

Na madrugada da última quarta-feira (24), o governo alemão havia anunciado um lockdown durante as celebrações da Páscoa.

Entre as restrições, se destacavam o fechamento de quase todo o comércio, indústria, outros setores da economia e até mesmo igrejas.

Caso fosse implementado, este seria um dos lockdowns mais rígidos já vistos na Alemanha em meses, mas Angela Merkel se viu obrigada a voltar atrás com as medidas.

Segundo a emissora alemã Deutsche Welle, no entanto, “o presidente do Brasil mentiu sobre as razões do cancelamento”.

A rede de rádio e TV confirmou que a suspensão das medidas restritivas aconteceu em razão de dificuldades burocráticas, pelo curto espaço de tempo para implementar as medidas e pela natureza vaga do anúncio original, reproduzindo trecho do discurso de Merkel:

“A ideia de uma paralisação na Páscoa foi elaborada com as melhores intenções, porque precisamos urgentemente desacelerar e reverter a terceira onda da pandemia. No entanto, a ideia foi um erro. Havia boas razões para optar por ela, mas ela não pode ser implementada suficientemente bem nesse curto período de tempo. Esse erro é somente meu. Lamento profundamente e peço desculpas a todos os cidadãos”.

Realidades bem distintas entre os dois países

Ao mencionar o governo alemão, Bolsonaro ignorou que a situação da potência europeia é muito diferente da brasileira.

Ainda que a Alemanha não se encontre em uma situação confortável como no início do ano passado, o quadro não se compara ao brasileiro.

Desde o início da pandemia, o país registrou cerca de 75 mil mortes por covid-19, com taxa de mortalidade de 90,4 a cada 100 mil habitantes.

Em contrapartida, o Brasil acaba de ultrapassar a barreira das 300 mil mortes, com taxa de mortalidade superior a de 143 por 100 mil habitantes.

Especialistas apontam que o número pode ser mais alto, já que o país não possui a capacidade adequada de testagem.

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