O salário mínimo de R$ 1.320 é a principal renda de milhões de brasileiros, que vivem com o orçamento apertado. O valor até é considerado bom para quem não possui outra renda, mas você sabia que o piso nacional deveria ter um valor quase cinco vezes maior no Brasil?
De acordo com o levantamento mais recente divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo deveria ter sido de R$ 6.210,11 no mês. Esse valor projetado pelo Dieese é 4,60 vezes maior que o salário mínimo vigente no país (R$ 1.320).
Você já imaginou como seria bom se o salário mínimo superasse os R$ 6 mil no Brasil? Milhões de trabalhadores que recebem o piso salarial no país devem sonhar com uma remuneração mais elevada, mas a realidade é bem diferente.
O valor projetado pelo Dieese é um reflexo das dificuldades que os trabalhadores do país enfrentam todos os meses. Isso porque a remuneração deveria ser capaz de suprir todas as necessidades básicas dos trabalhadores e suas famílias, englobando alimentação, saúde, educação e lazer, entre outros.
Entretanto, o salário mínimo do Brasil continua bem menor do que deveria. Portanto, as famílias que recebem o piso salarial sofrem para viver dignamente, uma vez que o valor do salário não é capaz de suprir as necessidades básicas da população brasileira.
A saber, o Dieese divulga mensalmente uma pesquisa sobre as variações dos preços dos itens que compõem a cesta básica. A partir destes dados, a entidade calcula o salário mínimo ideal do país, levando em consideração o valor da cesta básica mais cara do país no mês.
Segundo a entidade, o salário mínimo ideal do Brasil seria aquele capaz de suprir as necessidades da população. Para definir qual seria o valor ideal para os trabalhadores do país as estimativas consideraram a cesta básica de Porto Alegre, que foi a mais cara do país no mês passado.
Em síntese, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Aliás, desde 1938 há uma lista que define os alimentos essenciais para a sobrevivência de uma família. Essa lista é composta por 13 itens básicos e possui regulamentação devido a um decreto. Confira abaixo quais são os itens:
O levantamento do Dieese considerou a cesta básica mais cara do país em agosto para estimar qual deveria ser o salário mínimo do país. No mês passado, Porto Alegre teve a cesta mais cara, custando R$ 739,21. A propósito, a cesta básica ficou mais barata em 12 das 17 capitais pesquisados em outubro.
A pesquisa comparou o custo da cesta com o salário mínimo líquido. Nesse caso, o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%. Assim, o valor da cesta básica correspondeu a 56% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.320).
Em outras palavras, o trabalhador que recebeu o piso nacional em outubro, e morava em Porto Alegre, gastou bem mais da metade da sua renda para adquirir uma cesta básica.
Além disso, a pesquisa também mostrou o tempo médio necessário para que um trabalhador de Porto Alegre adquirisse produtos da cesta básica. A saber, os profissionais do estado precisaram trabalhar 123 horas e 12 minutos em outubro para comprar os produtos.
A média nacional também ficou bastante elevada no mês passado. Contudo, o tempo a ser trabalhado no Brasil, em geral, não foi tão elevado quanto o da capital catarinense, chegando a 107 horas e 17 minutos.
Inclusive, esse valor ficou bem menor que o tempo de Porto Alegre porque os demais locais pesquisados tiveram cestas básicas mais baratas no mês. Assim, puxaram a média nacional para baixo.
Por falar nisso, segundo os dados do Dieese, a cesta básica mais barata do país foi a de Aracaju (R$ 521,96). Se essa tivesse sido a cesta básica mais cara do país em outubro, o salário mínimo deveria ter sido R$ 4.384,99, valor 29,4% menor que o salário estimado em relação a Porto Alegre, porém, ainda bem maior que o piso nacional vigente.
Por fim, em Aracaju, o trabalhador precisou trabalhar 86 horas e 59 minutos em outubro para adquirir uma cesta básica. Em resumo, a pessoa que morava na capital sergipana trabalhou mais de 36 horas a menos do que em Porto Alegre para comprar essa mesma cesta básica.