O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a taxa básica de juros da economia brasileira. Nesta quarta-feira (2), o comitê anunciou uma redução de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, que passou de 13,75% para 13,25% ao ano.
A decisão surpreendeu o mercado, visto que o consenso geral dos analistas apontava para uma queda mais modesta, de 0,25 ponto percentual (p.p.). Contudo, o corte veio mais forte que o esperado, provocando uma verdadeira surpresa em quem dava como certa a redução de 0,25 p.p.
Em resumo, houve cinco votos a favor da redução da taxa de juros para 13,25% ao ano. Veja quem votou assim:
Outras quatro pessoas votaram a favor de uma redução mais modesta, de 0,25 p.p. Veja os nomes:
Isso mostra que a decisão não foi unânime. Pelo contrário, o presidente do BC foi o voto de desempate.
Em comunicado divulgado após a reunião do Copom, que teve início na terça-feira (1º), o comitê informou que a redução dos juros só foi possível graças à desaceleração da inflação no Brasil nos últimos meses.
“O comitê avalia que a melhora do quadro inflacionário, refletindo em parte os impactos defasados da política monetária, aliada à queda das expectativas de inflação para prazos mais longos, após decisão recente do Conselho Monetário Nacional sobre a meta para a inflação, permitiram acumular a confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária”, diz o texto.
Além disso, o Copom revelou que os membros do comitê acreditam que as próximas reuniões deverão decidir por cortes de 0,5 p.p., assim como ocorreu nesta quarta-feira (2). Em suma, esse é o ritmo adequado de redução da taxa de juros, mantendo a política monetária contracionista, segundo o Banco Central.
A saber, a taxa Selic corresponde ao juro básico da economia brasileira. Até o início de agosto, os juros no Brasil estavam em 13,75% ao ano, maior patamar desde novembro de 2016, ou seja, em quase sete anos. À época, a taxa Selic estava em 14,00% ao ano, levemente acima do nível atual.
A decisão do BC em reduzir a Selic é muito positiva para a população, pois os juros mais baixos fortalecem o consumo no país. Por outro lado, quando os juros sobem, o poder de compra dos consumidores encolhe.
Cabe salientar que a última vez em que o BC havia reduzido a taxa Selic foi em agosto de 2020, quando a taxa de juros caiu de 2,25% para 2% ao ano. Depois disso, o Copom elevou os juros por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou devido à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis.
Então, entre setembro de 2022 e junho de 2023, o comitê manteve a taxa Selic estável, totalizando sete reuniões de estabilidade dos juros no maior patamar desde 2016.
Em 2020, a pandemia da Covid-19 afundou a economia global. Para tentar impulsionar a atividade econômica brasileira, o Copom reduziu a Selic para 2,00% ao ano em agosto daquele ano, mantendo a taxa assim até março de 2021.
A saber, a crise sanitária afetou a cadeia produtiva global de diversos setores, e isso fez os preços de bens e serviços dispararem em 2021 devido a forte demanda. Por isso, o Copom mudou a tática e passou a elevar repetidas vezes a Selic nos dois últimos anos.
Em síntese, a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços. Quanto mais alta ela estiver, mais altos ficarão os juros no país. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.
Como a inflação perdeu força em 2022, o Copom decidiu interromper a sequência de altas e manteve a taxa Selic estável. Agora, como a inflação está caindo ainda mais, o Banco Central promoveu o primeiro corte nos juros em três anos.