A volta às aulas tem sido um assunto espinhoso em vários estados brasileiros. Em São Paulo, a previsão é que em algumas cidades as crianças comecem a frequentar as aulas presenciais a partir de setembro. No entanto, muitos educadores e pais são contra o retorno dos estudantes em meio à pandemia do coronavírus.
Por isso, a APEOESP — Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo — organizou, nesta quarta-feira (29) — uma carreata contra a volta às aulas presenciais. O movimento é organizado em parceria coma a CUT— Central Única dos Trabalhadores. Os manifestantes irão se reunir a partir das 9 horas da manhã no Estádio do Morumbi.
Conhecida como professora Bebel, Maria Izabel Azevedo Noronha, que é presidente da APEOESP, diz que muitos pais não irão levar seus filhos para a escola e para a categoria de educadores as aulas não deveriam voltar este ano. “O contágio de pessoas só não está maior porque temos professores, funcionários e crianças fora dessa zona de contaminação. Nós estamos lutando pelo direito à vida e temos apelo dos pais”, diz a educadora.
Para a presidente, muitas escolas em São Paulo não têm infraestrutura adequada e mantém salas improvisadas. “O governo deveria aproveitar essa oportunidade para reformar as escolas, para que os alunos voltem em segurança, após a pandemia”. Ela também complementa que é necessário investir em tecnologias para que todos os estudantes tenham acesso às tecnologias.
Quando aos protocolos de saúde, como o uso de máscara e álcool em gel, a professora Bebel ressalta que eles não são suficientes para evitar a contaminação das crianças na escola. “Já é difícil fazer com que a criança use máscara em casa, imagine em uma sala com 15 alunos. Acho que estamos vivendo uma falsa normalidade”.
Douglas Izzo, presidente da CUT-SP, também concorda que a volta às aulas traria riscos para a saúde dos professores e dos alunos. “Não podemos concordar com a volta às aulas sem que haja a comprovação de segurança sanitária e, hoje, não temos essa garantia”, diz o presidente. A CUT vem apoiando o movimento da APEOESP contra a volta dos alunos à escola. “Estamos convocando todos os sindicatos e filiados para apoiarmos essa mobilização contra o retomo presencial das aulas neste momento por entender que a volta às aulas é algo que afeta toda a classe trabalhadora e a sociedade”.
Caso ocorra de fato a volta às aulas presenciais em setembro, a presidente da APEOESP afirma que poucos pais levarão seus filhos para a escola, o que causará uma desigualdade entre alunos, já que uma parte dos estudantes receberá os conteúdos e outra não. Além disso, o sindicato dos professores estuda convocar uma greve da categoria, caso haja o retorno presencial. “Não teremos nem aulas remotas”.
O sindicato dos professores também diz que desde que começou a pandemia, os professores temporários ficaram sem salários. “Nos queremos que o governo crie uma renda emergencial para esses professores”, diz Bebel.
A redação da CRESCER entrou em contato com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo para pedir um posicionamento sobre o não pagamento dos professores temporários. Segue a nota:
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) mantém o pagamento regular do salário dos mais de 180 mil docentes da rede durante a pandemia.
Sobre o caso em questão, a pasta esclarece que, de acordo com a Lei Complementar Nº 1.093/ 2009, o professor eventual é remunerado por aula ministrada presencialmente mediante falta do titular da aula. No momento, a rede estadual trabalha com ensino mediado por tecnologia e não há falta de docentes.