O Ibovespa fechou a sessão da sexta-feira (27) em queda de 1,29%, aos 113.301 pontos. O resultado negativo aconteceu por causa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que fez declarações preocupantes sobre as contas públicas do país.
Embora tenha caído no pregão de ontem, o Ibovespa fechou a semana em leve alta de 0,13%. Com isso, reduziu as perdas de outubro, para -2,80%.
Aliás, o indicador ainda reserva ganhos de 3,25% em 2023. A propósito, o Ibovespa é o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira.
O resultado anual estava ainda mais positivo há alguns meses. A saber, a alta acumulada em 2023 chegou a 11% em julho, mas o indicador caiu em 18 dos 23 pregões realizados em agosto, período em que teve a maior sequência de quedas já registrada na história, recuando por 13 pregões consecutivos e acumulando perdas de 5,1% no mês.
Em setembro, o Ibovespa até conseguiu subir, mas a alta foi bem leve. Já agora em outubro, o resultado tem sido negativo, refletindo o pessimismo dos investidores, principalmente com o cenário internacional.
Na sexta-feira (27), o presidente Lula afirmou que “dificilmente” o Brasil conseguirá zerar o déficit em suas contas em 2024. A declaração, feita durante o café da manhã, no Planalto do Palácio, com a presença de jornalistas, preocupou o mercado.
“Eu sei da disposição do Haddad, sei da vontade do Haddad, sei da minha disposição. Já dizer para vocês que nós dificilmente chegaremos à meta zero“, disse Lula.
“Eu não quero fazer corte de investimentos de obras. Se o Brasil tiver um déficit de 0,5%, o que que é? De 0,25%, o que é? Nada. Absolutamente nada. Vamos tomar a decisão correta e vamos fazer aquilo que vai ser melhor para o Brasil“, acrescentou o presidente.
Os comentários de Lula não foram bem recebidos pelos investidores, pois a saúde fiscal de um país é um grande indicador para que muita gente decida alocar recursos.
Nesta semana, o governo norte-americano informou que o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA subiu 4,9% no terceiro trimestre, bem acima do esperado pelo mercado (2,1%). Esse resultado preocupou os investidores, pois pode pressionar o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, a aumentar os juros no país.
A saber, o principal objetivo dos juros elevados é reduzir o poder de compra do consumidor para desaquecer a demanda e, assim, esfriar a economia. Dessa forma, a inflação perde força, já que a demanda se retrai.
Em outras palavras, quanto mais forte estiver a economia norte-americana, mais alta tende a ficar a inflação. Entretanto, como o Fed tem a missão de controlar a inflação no país, a entidade acaba elevando os juros para que a taxa inflacionária não suba acima dos valores definidos.
A propósito, a taxa de juros está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Na semana que vem, o Fed se reunirá novamente para definir a política monetária do país, e a entidade não descartou a possibilidade de elevar a taxa de juros, a depender dos dados econômicos nacionais.
Em suma, os investidores acreditam que o Fed manterá os juros estáveis na próxima semana. No entanto, para o último encontro do ano, em dezembro, os analistas acreditam cada vez menos que o banco manterá os juros estáveis. As previsões de alta dos juros no último mês de 2023 vêm ganhando força, ainda mais com os fortes dados do PIB americano.
Na sessão de ontem (27), 78 das 86 ações listadas no Ibovespa fecharam o dia em queda, puxando o indicador para baixo e refletindo a o pessimismo entre os investidores. Apenas sete papeis fecharam o pregão em queda, enquanto um se manteve estável.
Já no acumulado semanal, o resultado foi bem mais positivo, com 45 papeis subindo, enquanto 41 fecharam a semana em queda. Isso se refletiu no resultado semanal do Ibovespa, que subiu apenas 0,13% no período.
Por fim, a carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 19 bilhões na sessão, em linha com a média dos últimos 12 meses. Neste mês de outubro, a média está em R$ 16,2 bilhões, segundo menor montante mensal de 2023, acima apenas de setembro R$ 16,1 bilhões.
Em contrapartida, o valor mais elevado foi registrado em junho, quando a média diária de giro financeiro no Ibovespa chegou a R$ 21,1 bilhões.