De acordo com dados levantados pela Serasa Experian no mês de março, a média nacional de dívidas entre os brasileiros é de R$ 4 mil. Esse valor aponta um aumento de 0,1% em relação ao mês de fevereiro e pouco mais de 3% ao comprar com abril de 2020.
O número de inadimplentes no Brasil passou dos 65 milhões de pessoas. Além disso, a soma das dívidas chegou a R$ 265,8 bilhões. Esse valor é R$ 7,5 bilhões a mais do que o valor registrado no pico da pandemia.
O levantamento realizado pelo Serasa Experian apontou que as mulheres representam 50,2% dos endividados, enquanto os homens correspondem a 49,8%. Já em relação à faixa etária dos inadimplentes, 35,2% possuem entre 26 e 40 anos de idade.
“Os maiores responsáveis por essas dívidas são os empréstimos e os cartões de crédito, responsáveis por 28,17%, seguidos pelas contas básicas como de água e luz, com 23,21%. Em terceiro lugar vêm as lojas de departamento, de roupas e o varejo em geral, com 12,62%”, explica o gerente da Serasa Experian, Thiago Ramos.
O Serasa observa durante as pesquisas uma grande preocupação dos brasileiros em relação ao aumento de itens básicos de consumo, especialmente em mercados e farmácias. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo dos brasileiros é cinco vezes menor do que o valor necessário para suprir necessidades básicas.
Além disso, o Dieese ainda aponta que o valor mínimo que um trabalhador deveria ganhar atualmente para suprir as necessidades básicas propostas pela Constituição Federal (moradia, saúde, alimentação, lazer, previdência) é estimado em R$6,4 mil. Esses valores podem explicar a dificuldade dos brasileiros de manterem seus compromissos financeiros em dia.
“Você tem um cenário externo de conflito [na Ucrânia]. E interno com aumento do número de trabalhadores na informalidade, um recorde, são mais de 138 milhões. A renda média está no menor patamar desde 2012, em torno de R$ 2,4 mil. O desemprego, apesar de uma leve queda percentual, ainda não conseguiu quebrar a barreira dos 12 milhões de desempregados”, disse o gerente da Serasa Experian sobre o atual cenário da economia brasileira.
Para o economista Ricardo Macedo, o extraordinário do FGTS é uma alternativa para que os trabalhadores consigam quitar duas dívidas. “Você teve uma certa facilidade de crédito durante a pandemia. O que aconteceu recentemente é uma recuperação de postos de trabalho, mas com rendimento muito menor. Soma-se a isso a inflação, o que acontece? Você não consegue adequar o orçamento. O ideal é quitar a dívida, começar a economizar para readequar o orçamento”, explica.
É importante que os trabalhadores evitem que seus nomes sejam inscritos em programas de proteção de crédito, como o Serasa e o SPC. Isso vale principalmente para cidadãos que desejam adquirir produtos financeiros disponibilizados por bancos e outras instituições, já que a análise de crédito verifica essas informações.