O auxílio emergencial finalizou seu pagamento em dezembro de 2020. Sem garantia e intenção do governo de prorrogar o programa, cerca de 10% a 15% da população brasileira deve ser atingida pela extrema pobreza ainda em janeiro.
O economista Daniel Duque, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, fez cálculos sobre o assunto e concluiu que a proporção de brasileiros em situação de extrema pobreza pode dobrar se comparado a 2019. Naquele ano, o índice de brasileiros em extrema pobreza era de 6,5% da população, num total de 13,7 milhões. É considerado extrema pobreza a parcela da população que vive com até 1,90 dólar por dia.
Ainda de acordo com o estudo feito pelo economista, a pobreza no Brasil deve atingir de 25% a 30% da população. O índice de pobreza é considerado quando o cidadão vive com até 5,50 dólares diários. Para chegar aos números, foi levado em conta o fim do auxílio emergencial e também foi pressuposto reajuste de 15% no Bolsa Família.
“Agora, estamos no duplo pior cenário: o fim do auxílio emergencial e sem nada que fique no lugar, nem a expansão do Bolsa Família. O melhor a fazer é, sem dúvida, propor uma transição do auxílio emergencial, com uma base menor de pessoas, e com valor menor até chegarmos no segundo trimestre em uma situação melhor”, disse o economista.
Em setembro de 2020, o auxílio emergencial foi de R$ 600 para R$ 300 para milhões de beneficiários. Desde então, o número de pobres no Brasil voltou a subir.“ A redução é um fator que, além de puxar a queda da renda média, também tem grande efeito sobre a pobreza, principalmente por estar concentrada entre a população mais pobre do País. Pode se observar que, nas últimas duas edições, a pobreza e pobreza extrema tiveram grandes aumentos, chegando a 23,9% e 5%”, disse o economista em artigo postado em dezembro.
O impacto do auxílio emergencial foi grande entre a população mais pobre e nas regiões Norte e Nordeste.