O secretário de Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) do Governo Federal, Roberto Pojo, fez um anúncio recentemente, relacionado ao Concurso Nacional Unificado (CNU). A princípio, ele afirmou que as provas do certame terão questões menos focadas na memorização e no chamado, decoreba das matérias.
Todavia, é o MGI que é o responsável pela organização do Concurso Nacional Unificado, e tem como objetivo principal em suas provas, observar outras capacidades dos candidatos. Neste caso, o foco seria a sua capacidade analítica. Para Roberto Pojo, as avaliações atuais cobram questões específicas sobre leis.
Desse modo, o problema apresentado pelo secretário do MGI, é que uma boa parte dos conteúdos cobrados nas avaliações atuais dos concursos públicos, seu conhecimento, não é utilizado no dia a dia pelo servidor aprovado. Portanto, a pasta procura acabar com o decoreba e avaliar efetivamente as habilidades do candidato.
O secretário que atua no MGI desde janeiro de 2023, afirmou que essas habilidades seriam cognitivas, muito além das ferramentais. Vale ressaltar que essas alterações na forma que a avaliação do Concurso Nacional Unificado irá cobrar o conteúdo de seus candidatos, procuram aumentar a diversidade entre os participantes.
Analogamente, é preciso dizer que o formato atual dos concursos públicos no país acaba favorecendo os candidatos que se dedicam de forma integral às avaliações, em detrimento de pessoas que possuem jornadas duplas. Um estudo do Tribunal de Contas da União (TCU) publicado no início de 2023, identificou esse cenário.
Ademais, o TCU em seu levantamento, pôde observar essa falta de diversidade relacionada aos aprovados em seu concurso público para auditor federal. A grande maioria das pessoas aprovadas eram homens de classe média. Esses cidadãos obtiveram uma vantagem, visto que estudaram por um longo período de tempo.
Roberto Pojo afirmou que, “se eu forço o candidato a decorar muita coisa, ele precisa de tempo. Isso gera uma concorrência desleal entre aqueles que podem parar de trabalhar e fazer cursinho, contra pessoas que são adequadas para atuar no Estado, mas têm de dividir o seu tempo com outras atividades”.
O Concurso Nacional Unificado terá como primeira etapa, provas objetivas de conhecimentos gerais e de conhecimentos específicos. Além disso, na avaliação, os candidatos deverão realizar uma prova discursiva de conhecimentos específicos. A avaliação será em um único dia, até o mês de março de 2024.
Dessa maneira, o Concurso Nacional Unificado será em cerca de 180 municípios, em todo o território nacional. A prova terá semelhanças ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Haverá uma prova de aplicação comum a todos os candidatos do certame, e provas objetivas e dissertativas por blocos temáticos.
O MGI diz que as provas objetivas de aplicação geral apresentarão três dimensões, devendo valorizar o ethos público, ou seja, a vocação para servir e trabalhar como um servidor público. Além disso, haverá a cobrança sobre a realidade brasileira e as relações entre Estados, além da relação das políticas públicas e o desenvolvimento nacional.
O secretário de Gestão de Pessoas do CGI, José Celso Pereira Cardoso Júnior, diz que “outra dimensão que precisa ser contemplada, não só na prova, mas na formação ao longo da vida, é a dimensão da realidade brasileira. A gente acha que as questões históricas e estruturais da realidade brasileira também precisam estar presentes”.
A dimensão relacionada às políticas públicas e ao desenvolvimento do país, procuram observar se o candidato está antenado com as necessidades de política e com o aperfeiçoamento do estado. José Celso diz que essas questões são bastante diferentes de conhecimentos como matemática, português, direito, etc.
O secretário afirma que haverá uma cobrança no Concurso Nacional Unificado, mas que é preciso que a avaliação contemple as questões gerais. A língua portuguesa e o raciocínio lógico quantitativo são recomendações do Guia Referencial para Concursos Públicos pela Escola Nacional de Administração Pública.
Em conclusão, a lista das matérias para o Concurso Nacional Unificado estará na publicação de seu edital. A ministra do CGI Esther Dweck diz que “quem já estuda, vai estar preparado. Podem ficar tranquilos. Todos que já se preparam para concursos vão ter bagagem para fazer esse concurso unificado”.