O Partido dos Trabalhadores (PT) indicou que não vai se opor ao projeto de aumento do valor do salário mínimo para R$ 1.550 no estado de São Paulo. Em conversa com jornalistas, integrantes do partido na Assembleia Legislativa (Alesp) estão sinalizando que não devem fazer frente à ideia que foi definida pelo governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
No último domingo (30), o governador de São Paulo anunciou o aumento na mesma data em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou também um reajuste. Contudo, a elevação proposta por Tarcísio foi notadamente maior. Enquanto o governador prevê um aumento de 20,7%, o presidente Lula indica um reajuste de pouco menos de 9% no salário mínimo federal, de acordo com as informações oficiais.
Diante deste contexto, existia uma expectativa sobre a postura que poderia ser tomada pelos deputados estaduais do PT de São Paulo. Informações de bastidores colhidas pelo jornal Folha de São Paulo indicam que a maioria já concordou que vai ajudar a aprovar o projeto, o que abre ainda mais as chances de que os trabalhadores receberem o novo piso.
“Nada que melhorar a vida dos trabalhadores nós seremos contra”, disse o deputado Reis (PT). “O problema do salário mínimo estadual é que pouca gente o recebe”, disse o petista, ao sinalizar que o partido poderá indicar algumas emendas para conseguir alterar parte das regras propostas pelo governador Tarcísio.
Nesta terça-feira (2), o governador de São Paulo vai entregar na Alesp o texto que eleva o valor do salário mínimo estadual para a casa dos R$ 1.550. Hoje, o piso do estado está na casa dos R$ 1.284 para a faixa mais baixa e de R$ 1.306 para a faixa mais alta. A expectativa é de que o valor seja unificado em uma única faixa.
Na prática, o valor vai subir 20,7% para a primeira faixa, e 18,7% para a segunda faixa. Nos dois casos, o aumento é maior do que a inflação acumulada nos últimos 12 meses, que foi de 4,65%, e também são maiores do que o aumento que foi concedido no último ano, que foi de 10,3%.
Analistas políticos acreditam que a decisão de anunciar o aumento do salário mínimo estadual justamente no último domingo (30) partiu de uma estratégia eleitoral. Tarcísio é um dos possíveis pré-candidatos à presidência do Brasil, e poderá usar como argumento o fato de ter concedido um reajuste maior do salário do que aquele definido pelo Governo Federal.
No domingo (30), o presidente Lula anunciou que o valor do salário mínimo federal subiu de R$ 1.302 para R$ 1.320, um reajuste de R$ 18. O aumento já está valendo oficialmente, e deve atingir pouco mais de 20 milhões de brasileiros de forma direta em todas as regiões do país, segundo cálculos do Ministério da Fazenda.
“Estejam certos de que, até o fim do meu mandato, ele (o salário) voltará a ser um grande instrumento de transformação social que foi no passado, quando cresceu 74% acima da inflação”, disse Lula. “Com mais dinheiro em circulação, as vendas do comércio aumentam, a indústria produz mais. A roda da economia volta a girar, e novos empregos são criados”, seguiu ele.
Além da questão do aumento do salário, Lula também confirmou que vai elevar a isenção do Imposto de Renda, que estava em R$ 1,9 mil e passa a ser de R$ 2,6 mil a partir deste mês de maio. A medida já foi oficializada após assinatura de uma Medida Provisória (MP) que também já foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).
Com a decisão, o Governo Federal projeta que algo em torno de 13 milhões de pessoas estarão isentas do pagamento do Imposto de Renda a partir do próximo ano. Os descontos em folha são paralisados já a partir de 2023.