O salário mínimo de 2024 já foi definido pelo governo federal e trará repercussões significativas para a economia brasileira. Saindo de R$ 1.320 para R$ 1.412, essa mudança afetará não somente aqueles que recebem o piso nacional, mas também pensionistas, beneficiários de programas sociais e Microempreendedores Individuais (MEIs).
O decreto assinado pelo presidente Lula estabelece que o novo valor do salário mínimo será de R$ 1.412 a partir de janeiro de 2024, um aumento de R$ 92. Este valor ficou abaixo dos R$ 1.421 inicialmente estimados pelo governo na proposta de orçamento do ano.
As aposentadorias seguem o valor do salário mínimo como base para pagamento. Portanto, a partir de 2024, todos os aposentados receberão pelo menos R$ 1.421. No entanto, aqueles que já ganham acima do mínimo experimentarão um reajuste percentual menor.
O abono salarial do PIS/Pasep, um benefício concedido a trabalhadores com carteira assinada e servidores públicos, também será influenciado pelo novo salário mínimo. A parcela do abono em 2023 será baseada no novo mínimo, de R$ 1.412.
O BPC/Loas, pago pelo INSS a idosos acima de 65 anos e pessoas com deficiência de baixa renda, equivale ao piso nacional, que será de R$ 1.412 em 2024.
A primeira faixa do seguro-desemprego também segue o salário mínimo, então o menor valor desse amparo será de R$ 1.412 em 2024.
O Cadastro Único (CadÚnico), porta de entrada de programas sociais do governo federal, considera como de baixa renda as famílias com renda mensal per capita de até meio salário mínimo. Em 2024, essa faixa passará de R$ 660 para R$ 706.
O reajuste do salário mínimo também afeta o teto das indenizações pagas nos Juizados Especiais Cíveis e Federais. Com o novo valor, o limite sobe de R$ 52.800 para R$ 56.480.
O reajuste do piso nacional também afeta os MEIs. Esses contribuintes recolhem 5% sobre o valor do salário mínimo para o INSS, garantindo direito a aposentadoria, auxílio-doença, auxílio-maternidade, pensão por morte para os dependentes e auxílio-reclusão. Com o novo valor, esse recolhimento sobe de R$ 66 para R$ 70,60.
O salário mínimo é um componente central da economia brasileira, com impactos diretos e indiretos em várias camadas da sociedade. Qual a metodologia de cálculo, os impactos potenciais e a estratégia governamental por trás da decisão?
O salário mínimo, como o próprio nome sugere, é a menor remuneração que um trabalhador formalmente empregado no país pode receber. De acordo com a Constituição Federal, tanto os trabalhadores urbanos quanto rurais têm direito a um salário mínimo, definido por lei, e que seja suficiente para atender às suas necessidades básicas e as de sua família.
A Constituição estabelece que o salário mínimo deve ser ajustado periodicamente para preservar o poder de compra dos trabalhadores. Isso significa que, pelo menos, o salário mínimo deve ser ajustado pela inflação.
Nos governos recentes de Michel Temer e Jair Bolsonaro, o salário mínimo foi ajustado exatamente de acordo com essa regra, apenas pela inflação, sem ganho real.
Para o ano de 2024, o governo propôs um salário mínimo de R$ 1.412. Este valor representa um aumento em relação ao salário mínimo de 2023, que foi de R$ 1.320. Mas como exatamente o governo chegou a esse valor?
O cálculo do salário mínimo para 2024 foi baseado na seguinte fórmula:
Assim, além da inflação de 3,85%, o salário mínimo de 2024 terá um aumento real de 3%, correspondente ao crescimento do PIB em 2022.
O salário mínimo tem um impacto significativo na economia brasileira. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo serve de referência para 54 milhões de pessoas no Brasil, ou seja, um em cada quatro brasileiros.
O aumento do salário mínimo não apenas beneficia diretamente aqueles que recebem esse valor, mas também tem efeitos indiretos na economia, como o aumento do salário médio dos brasileiros e o aumento do poder de compra dos trabalhadores.
Um aumento no salário mínimo também significa um aumento nos gastos do governo federal, pois os benefícios previdenciários não podem ser menores que o valor do salário mínimo.
Segundo cálculos do governo, cada R$ 1 de aumento no salário mínimo resulta em uma despesa pública adicional em 2024 de aproximadamente R$ 389 milhões.