No Brasil, o topo da pirâmide de renda é ocupado pelos super ricos, que têm ganhos astronômicos. De acordo com dados da Receita Federal compilados pelo economista Pedro Humberto Carvalho Junior, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), especializado em tributação, para fazer parte do seleto grupo dos super ricos é necessário ter um ganho mínimo de R$ 3,7 milhões por ano, o que equivale a uma média de R$ 308 mil por mês. Esses rendimentos incluem salários, lucros de negócios e rendimentos de investimentos.
Não há uma definição exata de quem é considerado rico ou super rico, mas os estudos têm trabalhado com o recorte do milésimo mais rico da população brasileira, ou seja, aqueles que estão no topo 0,1%. Os números mostram que a renda mínima mensal desse grupo é de R$ 300 mil. No entanto, esse valor é apenas o piso, pois dentro do 0,1% mais rico, existem aqueles que possuem renda ainda mais alta. No topo deste topo, ou seja, entre os 10% do 0,1% mais rico, a renda chega a incríveis R$ 1,6 milhão por mês, ou o equivalente a R$ 20 milhões recebidos anualmente. É importante ressaltar que existe uma grande desigualdade mesmo dentro do grupo do 1% mais rico. Portanto, o 0,1% mais rico é ainda mais privilegiado.
Diferentemente da renda, que mostra o quanto cada pessoa recebe mensalmente ou anualmente com salários ou outras formas de remuneração, o patrimônio representa o valor total de tudo o que uma pessoa possui, como imóveis, veículos, empresas e aplicações financeiras. A renda mensal dos super ricos é composta principalmente por duas fontes: as rendas do trabalho, como salários, e as chamadas rendas de capital, que são os rendimentos provenientes de investimentos e outros ativos, como os lucros e dividendos pagos pelas empresas.
No topo da pirâmide brasileira, 60% da renda é formada apenas por dividendos, ou seja, parte do lucro que as empresas pagam a seus proprietários, sócios e acionistas. Atualmente, os dividendos são isentos de imposto no Brasil, o que significa que pelo menos 60% da renda do 1% mais rico não paga imposto. Já os salários são descontados na fonte e seguem a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física, que varia de 7% a 27,5%, dependendo do valor recebido.
O governo brasileiro tem buscado formas de tributar os super ricos e reduzir a desigualdade social. Recentemente, foi publicada uma medida provisória que amplia a taxação dos fundos exclusivos, conhecidos como “fundos dos super ricos”. Esses fundos são formados por um único investidor e são feitos sob medida pelas gestoras para atender às necessidades específicas desse cliente. A aplicação mínima para ter um fundo exclusivo é de R$ 10 milhões. Atualmente, existem cerca de 1.650 fundos exclusivos no Brasil, com um total aplicado de aproximadamente R$ 260,2 bilhões. Isso significa que o dono de cada fundo investiu, em média, R$ 157,7 milhões em seu fundo exclusivo.
Com as mudanças propostas, os fundos exclusivos passarão a pagar o chamado “come-cotas”, que é um imposto aplicado duas vezes ao ano sobre o valor investido. Essa cobrança já é feita sobre os demais fundos de investimentos e, agora, será expandida para os exclusivos também. Além disso, o governo enviou ao Congresso um projeto de lei para taxar os rendimentos no exterior, que são os fundos de brasileiros estruturados fora do país, sob as leis de outras nações.
O salário dos super ricos no Brasil é realmente surpreendente. Enquanto a renda média brasileira gira em torno de R$ 2.500 mensais, os super ricos têm ganhos que chegam a milhões de reais por mês. A desigualdade social é um desafio no país, e o governo busca formas de tributar os super ricos e reduzir essa disparidade. A taxação dos fundos exclusivos e dos rendimentos no exterior são algumas das medidas propostas. Resta acompanhar como essas mudanças serão implementadas e se terão um impacto significativo na distribuição de renda no Brasil.