Nesta quinta-feira (24), a invasão Russa em território Ucraniano derrubou a bolsa de valores. Com esse acontecimento, diversos brasileiros têm se perguntado quais os riscos desse conflito na economia brasileira.
O que podemos esperar é um aumento no preço de commodities principalmente do petróleo, por conta dos temores de uma possível redução da oferta global, já que a Rússia produz cerca de 11% do petróleo mundial.
Assim como os combustíveis, que já são grandes vilões da inflação no Brasil, o preço do trigo e seus derivados como o pão e o macarrão podem aumentar, já que a Rússia produz cerca de 13% do grão vendido no mercado mundial.
O conflito no Leste Europeu pode acabar fazendo com que o valor de fertilizantes também suba, prejudicando os agricultores brasileiros e reduzindo a oferta de alimentos produzidos dentro do território nacional.
“Uma escalada do conflito nas próximas semanas poderia afetar a lavoura de trigo, em atual estágio de desenvolvimento, enquanto o milho poderia ser impactado em termos logísticos, dado que o primeiro trimestre é sazonalmente mais forte em termos de exportação”, disse o Itaú BBA.
O petróleo tipo Brent, referência para a Petrobras no reajuste dos combustíveis, subiu mais de 6% nesta quinta-feira. Desse modo, o preço do barril acabou passando dos US$ 103. Para o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre), a tendência é que os reajustes mais rápidos de valores comecem pelo petróleo e derivados.
“Se os preços do petróleo subirem para US$ 125 ou mais por dois trimestres seguidos, isso resultaria em uma retração de 0,5% no PIB global”, disse o relatório da UBS, empresa de serviços financeiros.
Com o ataque Russo ao território Ucraniano nesta semana, pode ser que a Rússia sofra com sanções de bloqueio de acesso ao Swift. Desta forma, a Rússia seria impedida de fazer comunicações bancárias com o resto do mundo, prejudicando a economia mundial.
“Agora, imagine que todo o mercado russo fosse desligado. Ou um produtor russo que já enviou seu produto e não conseguiria receber o pagamento. É um efeito em cadeia contra uma das maiores economias do mundo”, disse Luis Otávio Leal, economista-chefe do Banco Alfa.
Após o vice-presidente Hamilton Mourão afirmar que o Brasil não concordava com a invasão Russa na Ucrânia, Jair Bolsonaro disse em sua live semanal que a fala do vice-presidente não representa uma posição oficial do Brasil.
“Quem fala sobre esse assunto é o presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro. E ponto final. Com todo respeito à essa pessoa que falou isso, e falou mesmo, eu vi as imagens, está falando algo que não deve. Não é de competência dela. É de competência nossa”, disse Bolsonaro.
Na manhã desta quinta-feira o Ministério das Relações Exteriores também se pronunciou sobre o conflito no Leste Europeu. “O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil”.