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Rússia e EUA ameaça real de Guerra ou mais um circo?

A crise causada pelo COVID-19 tem trazido consequências, ainda não calculadas, para diversos setores da economia em todo o mundo. O consumo de massa, que é a base da produção capitalista, está paralisado em vários segmentos, empresas áreas praticamente de portas fechadas, indústria automobilística, do turismo, entretenimento e de um conjunto variado de bens de consumo não duráveis estão em sua grande maioria paradas, ou com uma produção insignificante para os padrões normais.

O colapso econômico já é inevitável, mas parece que nada disso tem sido suficiente para frear o ímpeto das duas maiores potências bélicas do planeta, que em meio à pandemia acabam de protagonizar mais um episódio de ameaças envolvendo possíveis ataques com armas atômicas. O presidente russo, Vladimir Putin, não tem visto com bons olhos a possibilidade dos EUA realizarem lançamento de mísseis a partir de submarinos. O mandatário do Kremlin ameaçou diretamente os EUA com um ataque nuclear, caso algum submarino americano lance um míssil, independente de estar carregando ogivas atômicas ou não.

Rússia e EUA são indiscutivelmente os países mais armados de todo o planeta. Durante a Guerra-Fria as duas nações eram consideradas superpotências, por conta de seu poderio nuclear e por protagonizarem a corrida espacial. A Guerra-fria foi assim intitulada, pois esses países nunca se atacaram diretamente. Na verdade, desde o fim da II Guerra eles sempre estiveram em conflito ou disputa, mas as incursões militares sempre eram realizadas contra países que diretamente apoiavam um ou outro, como a Guerra “EUA x Vietnã” e a invasão Soviética no Afeganistão.

Em 1970 ocorreu mais um capítulo importante dessa história, dezesseis anos depois do lançamento das duas bombas pelos EUA sobre o Japão, a ONU solicitou a elaboração de um Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), elaborado pela URSS e pelos EUA, o tratado ficou pronto em 1968, mas só entrou em vigor em 1970. O tratado possui mais de 190 países signatários, que se comprometeram a não desenvolver armas atômicas, contudo, os países que já possuíam essas armas na época poderiam continuar mantendo (EUA, URSS, China, França e Inglaterra).

O TNP também previa que as nações que já possuíssem armas atômicas, não poderiam em hipótese alguma fornecer tecnologia, ou informação, que permitisse aos outros países a chance de produzir tais armas. É fato que após a II Guerra não ocorreram mais ataques nucleares, apenas a realização de testes e exercícios militares envolvendo a manipulação dessas armas, mas outros países conseguiram desenvolver um arsenal nuclear desde então, ou apresentam reais condições para isso (Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte).

A disputa para saber quem detém a supremacia armamentista no planeta ainda existe e está mais ativa do que nunca. Em 2017 os EUA lançaram a MOAB contra o Estado Islâmico no Afeganistão, essa bomba é considerada a mais poderosa do mundo depois das armas atômicas e foi apelidada de “mãe de todas as bombas”. Como resposta, a Rússia anunciou em 2018 seu arsenal de mísseis hipersônicos, sendo o AVANGARD o mais poderoso deles, capaz de viajar a mais de 33 mil km/h, superando em 27 vezes a velocidade do som. De acordo com o Kremlin essa seria a arma mais poderosa do planeta.

O fato é que a grande capacidade de destruição que esses dois países possuem, criou um sentimento de respeito e temor entre eles, na medida em que não sabendo quem de fato é o mais poderoso, nenhum dos dois nunca se atreveu a exceder o limite do tolerável até então. Ambos possuem poder para destruir seu rival e também boa parte do planeta; as armas nucleares de hoje, são centenas de vezes mais potentes do que as que foram utilizadas na II Guerra Mundial, e seu uso poderia tornar regiões do planeta inabitáveis por dezenas de anos.

Numa entrevista recente, Putin chegou a reproduzir uma famosa frase de Albert Einstein: “Não sabemos como será a Terceira Guerra Mundial, mas sabemos como será a quarta, com paus e pedras.” No entanto, é válido lembrar que os EUA estão em ano eleitoral. E o que isso significa? Não é a primeira vez que um blefe, a derrota de um inimigo ou uma ameaça de guerra é utilizada como artifício para garantir a eleição de um determinado candidato.

Em 2004, os EUA estavam mergulhados em duas Guerras, Iraque e Afeganistão, e a guerra do Iraque ainda estava no início, a derrubada e a morte de Saddam Hussein foram sem dúvidas essenciais para garantir a reeleição de George W. Bush. Em 2011, um ano antes da reeleição de Barack Obama, num contexto bem conveniente, os EUA anunciaram a morte de Osama Bin Laden, sem nunca terem apresentado o corpo, mas o fato ajudou a aumentar a popularidade do então presidente dos EUA e garantir sua reeleição.

Agora em 2020, também próximo de uma eleição, as declarações ameaçadoras do presidente russo podem impulsionar a reeleição de Trump, tendo em vista que Vladimir Putin não é uma figura bem apreciada nos EUA. O partido democrata vem acusando a Rússia durante quatro anos, de ter interferido nas eleições americanas e beneficiado Trump, essa situação pode ser favorável ao Republicano, pois boa parte do eleitorado não vai querer substituir um presidente que encara de forma veemente seu maior rival.

Professor Jorman Santos(@professorjorman)

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