Estudantes da escola escola Oga Mitá, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, escreveram um Manual Antirracista baseado no livro de Djamila Ribeiro, referência na luta contra o racismo brasileiro.
Os alunos fazem parte da 4ª série, portanto têm entre 9 e 10 anos. De acordo com a escola, o trabalho realizado tem o intuito de abordar conceitos acerca deste tema atual não somente para outras crianças da faixa etária como também para adolescentes e adultos. O combate ao preconceito racial é o principal foco.
A produção de todo o material ocorreu durante a quarentena, ou seja, por meio do ensino remoto, uma vez que as escolas se encontram fechadas por conta da pandemia.
Houve um trabalho de pesquisa sobre o racismo, inclusive relacionado à história do Rio de Janeiro. Assim como teve a indicação de livros de autores negros da atualidade, como Emicida, Lázaro Ramos e Conceição Evaristo.
“No livro eles comentam sobre o que é o racismo, a importância do reconhecimento dos privilégios da branquitude, racismo estrutural, ações afirmativas, formas de combate do preconceito racial nas mídias, contribuições dos gêneros musicais na luta contra o racismo”, explica a professora Raiany Prata.
Além disso, ela exalta “a importância do conhecimento de locais que contam a história do povo negro e até mesmo expõem expressões racistas do nosso vocabulário que são ditas, muitas vezes sem perceber, mas que tem todo um significado preconceituoso por trás”.
“O debate entre eles para a produção do livro durou cerca de cinco meses. Desde a geração do conteúdo, envolvendo os textos e ilustrações, tudo foi realizado a distância, por conta do isolamento social causado pela pandemia de Covid. Ou seja, a distância não impediu que fosse realizado um trabalho coletivo em conjunto com as famílias”, conta Fernanda Inácio, outra professora da escola Oga Mitá.
Entre muitas referências para criar o Manual Antirracista, os estudantes utilizaram notícias cotidianas, como por exemplo o assassinato de George Floyd, em Minneapolis, nos Estados Unidos.
A inspiração, de acordo com a professora Carina Batista, surgiu “até situações bem próximas de nós como casos de prisões de negros como suspeitos em comunidades sem ao menos que se pergunte sobre o que fizeram, algo que dificilmente aconteceria com uma pessoa branca no calçadão de Copacabana, por exemplo”, diz ela.