Se você não está endividado, certamente conhece ao menos uma pessoa que está endividada neste momento. O número de brasileiros em situação de inadimplência vem batendo recordes ano após ano e começa a preocupar o governo federal. De todo modo, um novo dado divulgado nesta segunda-feira (28), pode significar uma luz no final do túnel.
De acordo com um relatório divulgado pelo Banco Central (BC), o número de pessoas físicas com registro de atraso no pagamento de empréstimo a bancos foi reduzido no último mês de julho. A redução, no entanto, não foi muito significativa. Houve uma queda de 0,1 ponto em relação ao registrado em junho, levando o índice de inadimplência deste público para a casa dos 6,2%.
Por outro lado, quando se considera os empréstimos concedidos para empresas, o índice foi elevado em 0,2 ponto, alcançando a marca de 3,3%. O grau de comprometimento das famílias para pagar estes empréstimos solicitados também subiu 0,2 ponto de maio para junho, alcançando o preocupante patamar de 28,3%.
Vale frisar que todos estes números foram analisados em um contexto de não liberação do Desenrola. Desde o final de julho, o governo iniciou a implementação deste programa de negociação de dívidas e a expectativa do poder executivo é que estes números já tenham sido reduzidos em algum grau desde então.
Seja como for, o fato é que o relatório do BC trouxe alguns números preocupantes para o governo federal. A taxa média do juro do rotativo do cartão de crédito, por exemplo, subiu de 437% para 445,7% entre os meses de junho e julho deste ano.
O rotativo do cartão de crédito é um sistema em que o cidadão que faz compras ganha o direito de pagar a fatura de maneira parcelada. Ao optar por este esquema, ele passa a ter que pagar os valores a partir de juros cada vez mais altos, o que faz com que famílias mais pobres tenham um enorme chance de se tornarem inadimplentes.
Dados oficiais do Banco Central (BC) divulgados recentemente mostram que cada vez mais brasileiros estão aderindo ao rotativo do cartão de crédito, e entrando em uma bola de neve de dívidas. Em grande parte, este aumento da inadimplência ocorre também por causa dos juros que são cobrados sobre o montante que não é pago.
Com o notável aumento do juros do rotativo do cartão no último mês de julho, os brasileiros atingiram a preocupante marca de R$ 77,46 bilhões em dívidas por causa desta modalidade. O patamar é o dobro do que foi registrado há dois anos: R$ 38,48 bilhões em 2021.
Neste mesmo período, o índice de inadimplência dos brasileiros subiu de 27,65% para 49,05%. Analistas criticam tanto o tamanho dos juros que são cobrados, como também o fato de muitos bancos concederem créditos para os clientes acima do limite de renda dos consumidores.
Sobre este assunto, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) vem afirmando que o governo federal está trabalhando para encontrar uma solução para o problema. Entre outros pontos, o chefe da pasta econômica chegou a sinalizar que poderá atuar junto ao Banco Central (BC) para tentar reduzir os juros.
“Temos que ter muito cuidado para não afetar as compras no comércio e não fazer um outro problema para resolver o 1º. Então nosso foco é o rotativo. O rotativo não pode continuar como está e eu tenho um compromisso dos bancos de que essa mesa de negociação tem prazo para terminar”, declarou o ministro.
“Não vou me antecipar quanto à solução porque, se não, o grupo de trabalho vai se extinguir. Mas o Banco Central faz parte desse grupo e estamos em interação permanente. Aqui na Fazenda, a liderança do tema é com a Secretaria de Reformas Econômicas. Mas a Febraban e o IDV também estão sintonizados para buscar uma equação para o problema”, seguiu ele.