Finanças

R$ 8,6 bilhões esquecidos: Será que parte desse dinheiro é seu?

O termo “dinheiro esquecido” refere-se a valores que, por diversos motivos, permaneceram inativos e não foram reivindicados pelos titulares. Esses fundos podem ter origem em contas bancárias encerradas, cotas de consórcios, seguros, fundos de investimento, entre outras fontes. Com o passar do tempo, muitas pessoas perdem o rastro desses ativos, resultando em um acúmulo de recursos não resgatados.

O Sistema de Valores a Receber (SVR) é uma iniciativa do Banco Central do Brasil (BCB) que permite aos brasileiros consultarem e resgatarem fundos “esquecidos” em instituições financeiras, consórcios e outras entidades. Segundo dados recentes divulgados pelo BCB, um montante de R$ 8,59 bilhões ainda aguarda para ser resgatado pelos legítimos proprietários.

Quem pode consultar o SVR?

Pessoas físicas, incluindo aquelas que já morreram, e empresas têm acesso à consulta do SVR. No caso de valores pertencentes a pessoas falecidas, os herdeiros, testamentários, inventariantes ou representantes legais podem realizar a consulta e solicitar o resgate, mediante o preenchimento de um termo de responsabilidade.

Como acessar e consultar o Sistema de Valores a Receber

O acesso ao SVR é realizado exclusivamente através do site oficial do Banco Central, este é o único meio permitido para verificar se há “dinheiro esquecido” disponível para resgate e para iniciar o processo de solicitação de devolução.

Etapas para consultar o SVR

  1. Acesse o site oficial: https://valoresareceber.bcb.gov.br
  2. Informe seus dados: Você precisará fornecer informações pessoais, como nome completo, CPF ou CNPJ, data de nascimento (para pessoas físicas) e endereço de e-mail.
  3. Realize a consulta: Após inserir os dados solicitados, o sistema realizará uma varredura em busca de valores esquecidos vinculados a você.
  4. Analise os resultados: Caso existam recursos disponíveis para resgate, o sistema exibirá detalhes sobre as instituições detentoras dos valores e os montantes correspondentes.

É importante ressaltar que, para solicitar a devolução dos valores encontrados, você deverá fornecer uma chave PIX válida. Na ausência de uma chave cadastrada, é necessário contatar a instituição que detém os fundos para combinar a forma de recebimento ou criar uma chave PIX e depois voltar ao sistema para solicitar.

Prazos para resgatar seu dinheiro esquecido

Não perca o prazo para resgatar seu dinheiro esquecido- Imagem: Freepik

Em 16 de setembro de 2022, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que estabelece prazos específicos para o resgate dos valores identificados pelo SVR. É essencial estar atento a essas datas-limite para não perder a oportunidade de recuperar seus recursos.

Prazo inicial de 30 dias

Após a publicação da lei, os titulares dos “dinheiros esquecidos” terão um prazo de 30 dias para requerer o resgate dos valores. Durante esse período, os recursos permanecerão disponíveis para devolução aos legítimos donos.

Segundo prazo de 30 dias

Caso você não consiga resgatar seus fundos durante o primeiro prazo de 30 dias, haverá um segundo período de igual duração para realizar a solicitação de devolução. Após esse período de 60 dias, os valores serão enviados ao Tesouro Nacional.

Prazo de 6 meses para contestar judicialmente

Se, por algum motivo, você não conseguir solicitar o resgate dentro dos prazos estabelecidos, ainda haverá uma última oportunidade. Você terá um período de 6 meses após a publicação da lei para contestar judicialmente a transferência dos recursos para o Tesouro Nacional.

É fundamental agir prontamente e aproveitar esses prazos para evitar a perda definitiva dos valores que lhe pertencem. Acompanhe atentamente as datas-limite e siga os procedimentos necessários para recuperar seu “dinheiro esquecido”.

Valores disponíveis por estado e região

O montante de R$ 8,59 bilhões em “dinheiro esquecido” está distribuído por todo o Brasil, com algumas regiões e estados concentrando maiores quantias. A tabela a seguir apresenta um panorama dos valores disponíveis para resgate por região e estado:

Região Valor Disponível (R$) Estados com Maiores Valores
Sudeste 4,2 bilhões São Paulo (2,1 bilhões), Rio de Janeiro (1,3 bilhão), Minas Gerais (600 milhões)
Nordeste 1,1 bilhão Bahia (300 milhões), Pernambuco (200 milhões), Ceará (180 milhões)
Sul 1,0 bilhão Rio Grande do Sul (400 milhões), Paraná (300 milhões), Santa Catarina (200 milhões)
Norte 400 milhões Pará (120 milhões), Amazonas (80 milhões), Tocantins (50 milhões)
Centro-Oeste 600 milhões Distrito Federal (300 milhões), Goiás (200 milhões), Mato Grosso (80 milhões)

Como se observa, a região Sudeste concentra a maior quantidade de recursos, sendo São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais os estados mais destacados. No entanto, valores significativos também estão disponíveis nas demais regiões, evidenciando a importância de consultar o SVR independentemente de sua localização.

Dicas para um resgate bem-sucedido

Embora o processo de consulta e resgate pelo SVR seja relativamente simples, existem algumas dicas que podem aumentar suas chances de sucesso e agilizar o procedimento:

  1. Mantenha seus dados atualizados: Certifique-se de que suas informações pessoais, como endereço residencial, e-mail e telefone, estejam sempre atualizadas junto às instituições financeiras com as quais você tem ou teve relação. Isso facilitará o contato e a identificação dos valores a serem resgatados.
  2. Organize seus documentos: Tenha em mãos documentos como RG, CPF, comprovante de residência e, se aplicável, certidão de óbito ou documentação de representação legal. Esses documentos podem ser solicitados pelas instituições durante o processo de resgate.
  3. Crie uma chave PIX: Como mencionado anteriormente, é necessário fornecer uma chave PIX para receber os valores resgatados. Se você ainda não possui uma, crie uma chave antecipadamente para agilizar o processo.
  4. Acompanhe os prazos: Fique atento aos prazos estabelecidos pela lei para solicitar o resgate e, se necessário, contestar judicialmente a transferência dos recursos para o Tesouro Nacional. Não deixe essas oportunidades passarem.
  5. Busque orientação profissional: Em casos mais complexos, como valores pertencentes a pessoas falecidas ou envolvendo grandes quantias, pode ser recomendável buscar orientação de um profissional qualificado, como um advogado ou contador, para assegurar que todos os passos sejam executados de forma adequada.

Ao seguir essas dicas e agir com prontidão, você aumentará significativamente suas chances de recuperar os valores que lhe pertencem e aproveitar essa oportunidade única oferecida pelo Sistema de Valores a Receber.

Fraudes e golpes relacionados ao Sistema de Valores a Receber

Infelizmente, onde há dinheiro envolvido, também existem oportunidades para fraudes e golpes. O Sistema de Valores a Receber (SVR) não está isento desse risco, e é essencial estar atento a possíveis tentativas de enganar e roubar dados pessoais ou financeiros.

Golpes comuns relacionados ao SVR

Alguns dos golpes mais comuns relacionados ao SVR incluem:

  1. Falsos sites e aplicativos: Criminosos criam sites ou aplicativos falsos que se passam pelo sistema oficial do Banco Central, enganando as vítimas para fornecer informações pessoais e financeiras.
  2. Ligações e e-mails fraudulentos: Gol pistas enviam ligações ou e-mails falsos, fingindo ser do Banco Central ou de instituições financeiras, solicitando dados confidenciais das vítimas.
  3. Cobrança de taxas indevidas: Alguns golpistas podem tentar convencer as pessoas a pagar supostas taxas ou custos para acessar ou resgatar os valores, o que é totalmente ilegal.
  4. Oferta de serviços de resgate: Indivíduos mal-intencionados podem se passar por consultores ou prestadores de serviços, oferecendo ajuda no resgate dos valores mediante o pagamento de honorários.

Como se proteger contra fraudes

Para não cair em fraudes e resguardar suas informações e recursos, atente-se a estas dicas

  1. Acesse apenas o site oficial: O único endereço válido para consultar o SVR é o site oficial do Banco Central. Desconfie de quaisquer outros sites ou aplicativos.
  2. Não forneça informações confidenciais: O Banco Central nunca solicitará dados como senhas, números de cartão de crédito ou chaves PIX por e-mail, ligação ou mensagem.
  3. Não pague taxas ou honorários: O acesso e o resgate dos valores pelo SVR são totalmente gratuitos. Não caia em pedidos de pagamento.
  4. Verifique a identidade dos representantes: Se for contatado por alguém se dizendo representante de uma instituição financeira, exija identificação e confirme a autenticidade antes de fornecer qualquer informação.
  5. Mantenha-se atualizado: Acompanhe as orientações e alertas oficiais do Banco Central e de órgãos de proteção ao consumidor para estar ciente dos golpes mais recentes.

Lembre-se de que a cautela é fundamental ao lidar com questões financeiras. Ao seguir essas dicas e manter um senso crítico, você pode aproveitar os benefícios do SVR sem correr riscos desnecessários.