Quase 80% dos trabalhadores brasileiros que ainda estão em home office terminaram o ensino superior. Pelo menos é isso o que mostra um levantamento do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA). Os dados revelam que há um recorte social neste sentido.
De acordo com os dados, apenas 9,1% de todas as pessoas que estão trabalhando no Brasil ainda estão no emprego de forma remota. São portanto brasileiros que não precisam sair de casa para trabalhar. Isso representa algo em torno de 7,3 milhões de trabalhadores em todas as regiões do país.
Nesse grupo de pessoas, 76% concluíram o ensino superior. Esse dado mostra portanto um primeiro recorte social. Quem estuda mais, tem mais chances de trabalhar com o emprego remoto. Além disso, a pesquisa também mostra que 57% dos que estão em home office são mulheres.
Os números apontam ainda que há uma predominância de brancos neste tipo de trabalho. De acordo com os dados, 65% dos trabalhadores que ainda estão em home office são brancos. Além disso, cerca de 84% possuem um emprego formal, ou seja, possuem assinatura na carteira de trabalho ou pelo menos possuem algum contrato de trabalho.
Esses dados, que passaram por uma divulgação nesta semana, utiliza o cenário do país ainda no último mês de novembro de 2020. Seja como for, os técnicos do IPEA dizem que essa situação não mudou muito. Até porque as pesquisas anteriores mostraram um cenário de estabilidade neste sentido.
Ao analisar esses dados, o IPEA revela que o Brasil viveu um explosão de pessoas trabalhando em regime de home office no início da pandemia. Entre os meses de março e abril, várias empresas tiveram que mudar as suas lógicas trabalhistas e transferir boa parte do trabalho para a casa dos empregados.
Com o passar do tempo e da pandemia, essa lógica foi começando a mudar. Cada vez mais os trabalhadores tiveram que começar a voltar ao ambiente do emprego. E cada vez mais o home office foi se estreitando em torno de um grupo social específico.
Como mostra a pesquisa, esse grupo de pessoas são em geral brancas, com muito estudo e com maior poder aquisitivo. Ao mesmo passo, a maioria dos trabalhadores negros, com menos escolaridade e menos poder aquisitivo não viram outra saída a não ser voltar para o ambiente do trabalho.
Vale lembrar que todo esse fenômeno acontece em um momento em que a pandemia do novo coronavírus ainda não apresentou uma melhora significativa. Pelo contrário. De acordo com informações de secretarias estaduais de saúde, o Brasil vive agora o pior momento de todo o seu período pandêmico.
Os números mostram que o país ultrapassou a marca das 421 mil mortes por causa da pandemia. É portanto um dos países com os maiores índices de mortes fatais em todo o mundo. Neste momento, a curva de contaminação está no seu maior nível desde que a doença chegou em solo nacional.
Dessa forma, dá para dizer que, no geral, apenas um grupo da sociedade está tendo que voltar ao ambiente de trabalho. E esse grupo naturalmente corre mais risco de contaminação nesta pandemia. E de acordo com a pesquisa eles são a grande maioria da força de trabalho do Brasil.