Na hora de escrever acerca ou a cerca muitas pessoas ficam com dúvidas sobre qual termo usar. As duas formas são corretas e aceitas conforme a gramática, mas apresentam significados diferentes.
Acerca ou a cerca são palavras homófonas da Língua Portuguesa, ou seja, apresentam pronúncia idêntica, mas grafias diferentes. Além da escrita desigual, acerca ou a cerca também têm significados diferentes. Por isso, devem ser inseridas no contexto correto para não deixar o diálogo sem coesão e coerência.
Para dizer que alguém conversa sobre algo ou a respeito de algum assunto deve-se usar a palavra “acerca”, escrita de forma junta. Essa palavra deve, também, ser usada para expressar sentido de proximidade; vizinho a algo; quanto a; e relativamente. Em alguns casos pode assumir o lugar de “quase”.
Exemplo: Pedro, Paulo e Ana conversavam acerca da série que assistiram sobre a escravidão. (Pedro, Paulo e Ana conversavam sobre a série que assistiram sobre a escravidão).
Para indicar relação de proximidade a um lugar, possuindo sinônimo de perto, deve-se usar a expressão “a cerca”, escrita de forma separada. Essa expressão é formada pela preposição “a” e pela locução prepositiva “cerca de”.
Exemplo: a casa da minha mãe fica a cerca de 1km daqui.
Recapitulando as diferenças entre acerca ou a cerca:
– Sinônimos de acerca: relativamente a; a respeito de; sobre; quanto a; próximo; em relação a; com relação a; perto; vizinho e junto.
– Sinônimos de a cerca: por volta de; cerca de; aproximadamente; perto de; quase em torno de; mais ou menos; próximo de; sensivelmente; a coisa de.
Além de acerca ou a cerca, outro termo da gramática que confunde as pessoas é “há cerca de”. Trata-se de uma expressão também aceita e correta, desde que esteja inserida no contexto correto.
A palavra escrita com “h” é a conjugação do verbo “haver e deve ser usada para indicar um tempo que já passou. Assim, é a opção adequado para dar sentido de tempo aproximado e passado a algo que já aconteceu.
Exemplo: A última vez que Mileide e Milena se viram foi há cerca de 1 ano.
Além acerca ou a cerca, outras palavras também causam dúvidas e confundem na escrita, por possuírem sonoridade semelhante. Confira algumas:
– Abaixo ou a baixo: abaixo (grafia junta) é a forma usada para exprimir sentido de lugar inferior ou menos elevado. A baixo (grafia separada) tem significado de “para baixo”.
Exemplos: Pedro ficou triste porque seu nome na lista de aprovados ficou abaixo das suas expectativas. / A menina caiu na água e foi levada correnteza a baixo.
– Acima ou a cima: acima (escrita junta) possui significado de lugar superior ou mais elevado. A cima (escrita separada) indica significado de “para cima”.
Exemplos: A assinatura deve estar acima da linha indicada. / Quando Bianca entrou na sala nova, algumas pessoas a olharam de baixo a cima.
– Há ou a: o termo “há” é usado para indicar sentido de existir ou fazer. O artigo “a”, serve tanto para indicar tempo futuro ou, apenas, funcionar como uma preposição.
Exemplos: daqui a alguns meses estaremos casados. / Nesta sala há pessoas com habilidades diversas.
– Mas ou mais: mas (sem “i”) é uma conjunção que indica ideia contrária, sentido de oposição. Mais (com “i”) é classificado como advérbio de intensidade ou pronome indefinido, a depender do contexto da frase.
Exemplos: Júlia foi a única participante que ficou até o fim do evento. / Camila foi para a praia, mas esqueceu de passar o protetor solar e se queimou.
– Mal e Mau: mau (com “u”) é um adjetivo, que deve ser usado nas frases para expressar o contrário de “bom”. Mal (com “l”) pode ter valor morfológico de advérbio de modo (oposto de “bem”), substantivo e conjunção subordinativa temporal (“assim que” e “quando”).
Exemplos: Seu filho é um mau aluno. (Oposto de bom) / Rita está triste porque sente-se mal sucedida na vida. (Oposto de “bem”) /
– Onde ou Aonde: onde é a palavra que deve ser utilizada quando houver a presença de verbos que indicam sentido estático, permanente. Para o oposto, cujo sentido é de movimento, deve-se utilizar a palavra “aonde”.
Exemplos: O pai dela quer saber onde mora a família do namorado da filha. / Sofia saiu de casa sem dizer aonde vai.
– Por que/ Porque/ Por quê/ Porquê: por que (separado e sem acento) é a preposição “por” + pronome “que”. Deve ser usado quando houver equivalência a “pelo qual”, “por qual razão” e “por qual motivo”.
Por quê (separado e com acento) é a forma que deve ser usada quando o pronome interrogativo se posicionar no final da frase ou vier seguido de uma pausa.
Porque (junto e sem acento) é a forma usada para dar sentido de conjunções equivalentes a “visto que”, “uma vez que”, “pois” ou “para que”.
Porquê (junto e com acento) deve ser usado quando a palavra apresentar sentido de um substantivo, revelando o motivo ou uma causa.
Exemplos: Desconhecemos o porquê ( o motivo) de tanta rebeldia dos jovens. (o motivo) / Esta é a casa por que (pela qual) sempre busquei. / Por que (por qual motivo) não compareceu à reunião? / Sua irmã saiu mais cedo da festa, por quê? / Joana não irá viajar porque não planejou bem e ficou sem dinheiro.
– Senão ou se não: Se não (grafia separada) tem o sentido de “a caso não”, devendo ser utilizado para expressar uma probabilidade. Senão (grafia junta) possui sentido a “caso contrário” ou “a não ser”.
Exemplos: Se não chover, irei à praia amanhã. / Para conseguir bons resultados nos estudos o aluno têm que se dedicar, senão não conseguirá ter bons retornos”.
– Na medida em que ou à medida que: na medida em que indica relação de causa, com equivalência a uma vez que, porque e já que. À medida (com crase) que é a forma que deve ser usada para indicar proporção ou simultaneidade.
Exemplos: Na medida em que os dias iam passando, Vera ficava mais ansiosa para o seu aniversário. / À medida que Maria fica longe de João, mais sente saudade.