A remuneração adequada e justa dos profissionais de enfermagem sempre foi uma pauta importante no Brasil. Afinal, esses profissionais desempenham um papel fundamental no cuidado e na assistência à saúde da população. Recentemente, o governo brasileiro anunciou a implementação do piso salarial da enfermagem, uma conquista há muito esperada pela categoria. Neste artigo, vamos explorar os detalhes sobre o início dessa implementação, os valores estabelecidos e as expectativas para os profissionais de enfermagem em todo o país.
De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem, o Brasil conta com mais de 2,8 milhões de profissionais atuantes na área da enfermagem. Esses números incluem enfermeiros, auxiliares de enfermagem, técnicos de enfermagem e parteiras. Essa ampla abrangência mostra a importância e a relevância desses profissionais no cenário da saúde no país.
A metodologia para o cálculo do piso salarial da enfermagem segue as diretrizes estabelecidas pela Advocacia-Geral da União (AGU). O cálculo leva em consideração o vencimento básico e as gratificações de caráter geral fixas, excluindo aquelas de caráter pessoal.
Para o ano de 2023, foram definidos os seguintes valores para o piso salarial:
Esses valores representam um marco importante na valorização desses profissionais, proporcionando um salário mínimo adequado e compatível com a importância de suas atividades.
É importante destacar que existem algumas exclusões em relação à aplicação do piso salarial da enfermagem. Em julho deste ano, foi divulgada uma ata do Ministério da Fazenda que indica que servidores federais que ocupam cargos na categoria de enfermeiro, com carga horária de 40 horas semanais, classe S, padrão III e nível superior, não serão abarcados pelo ajuste no piso salarial.
Essa exclusão ocorre devido ao fato de que, para esses profissionais, a remuneração total, incluindo a Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência, Saúde e Trabalho (GDPST), combinada ao vencimento básico, ultrapassa o valor equivalente ao piso proporcional para uma jornada semanal de 40 horas.
Uma das questões fundamentais para a implementação do piso salarial da enfermagem é a destinação dos recursos para o pagamento. O Ministério da Saúde publicou uma portaria, a GM/MS 1.135, de 16 de agosto de 2023, que estabelece critérios e procedimentos para a União repassar o dinheiro e complementar o pagamento do piso salarial nacional de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e parteiras.
O primeiro repasse dos recursos deve ocorrer até o dia 21 de agosto, e o governo já divulgou os valores que serão destinados a diferentes entes federativos. Para o Governo do Ceará, por exemplo, o repasse será de R$ 16.186.450,00, enquanto para a cidade de Fortaleza o valor será de R$ 33.926.317,00.
É importante destacar que o pagamento do piso salarial da enfermagem será feito em nove parcelas ao longo de 2023, com valores retroativos a maio e incluindo o 13º salário. O governo federal destinou um total de R$ 7,3 bilhões para o pagamento desse piso salarial.
No início de agosto, já foram pagos aos servidores federais da categoria de enfermagem os valores complementares dos meses de maio e junho, além da parcela de julho. As demais parcelas serão pagas até dezembro, juntamente com o 13º salário.
A implementação do piso nacional da enfermagem teve um longo caminho até a sua concretização. Em maio deste ano, o ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou o pagamento do piso nacional da enfermagem após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter sancionado a abertura de crédito especial de R$ 7,3 bilhões para esse fim.
Anteriormente, o novo piso nacional, definido pela Lei nº 14.434, estava suspenso desde setembro de 2022, por decisão do próprio Barroso, aguardando esclarecimentos sobre o impacto financeiro nos entes públicos e privados da área da saúde. Os estados alegavam um impacto de R$ 10,5 bilhões em suas contas, sem recursos disponíveis para complementar o pagamento.
A nova decisão do ministro Barroso determinou a obrigatoriedade da implementação do piso nacional da enfermagem para estados, Distrito Federal e municípios, bem como para as entidades privadas que atendam, no mínimo, 60% de seus pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, essa obrigatoriedade só se aplica dentro dos limites dos recursos recebidos por meio da assistência financeira prestada pela União.
Os recursos financeiros serão transferidos na modalidade fundo a fundo pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) aos fundos de saúde dos estados, Distrito Federal e municípios. A portaria GM/MS 1.135 também prevê a coleta de dados dos entes e estabelecimentos em relação aos profissionais de enfermagem com vínculo trabalhista ou servidores públicos, além da depuração de inconsistências na base de dados.
A implementação do piso salarial da enfermagem é um marco importante na valorização dos profissionais dessa área. A remuneração adequada é um reconhecimento pelo trabalho árduo e essencial que esses profissionais desempenham no cuidado e na assistência à saúde da população.
Com a implementação do piso salarial, espera-se uma melhoria na qualidade de vida dos profissionais de enfermagem, além de um maior reconhecimento da categoria e atração de novos profissionais para o setor. A valorização desses profissionais é fundamental para garantir a qualidade dos serviços de saúde prestados à população brasileira.