O ex-presidente Lula (PT) voltou a dizer que poderá retomar os pagamentos do programa Bolsa Família a partir do próximo ano, caso consiga vencer as eleições de 2022. Segundo o petista, o projeto fará pagamentos de R$ 600, mas algumas famílias poderiam receber R$ 750 caso tenham filhos menores de seis anos.
“Nós vamos dar R$ 600 e vamos dar mais R$ 150 por cada filho de até seis anos de idade. Nós temos consciência de que isso vai perdurar até o tempo que a gente conseguir gerar os empregos necessários para que o Brasil não precise mais de Auxílio. Para que as pessoas possam viver às custas dos seus trabalhos”, disse Lula em entrevista ao Jornal do SBT nesta terça-feira (27).
“O presidente mentiu algumas vezes porque primeiro ele queria o Auxílio Emergencial de R$ 200. O Congresso Nacional queria R$ 600, e depois ele (Bolsonaro) baixou para R$ 400. Quando chega o processo eleitoral ele, pensando que o povo é bobo, resolveu aumentar para R$ 600, e disse que só ia até dezembro”, seguiu.
“Agora ele diz que vai continuar, mas ele não colocou na proposta de orçamento, que vai para o Congresso Nacional. Quando eu disse que nós iríamos continuar, e que o Bolsa Família iria voltar com R$ 600, mais R$ 150 por cada criança até seis anos, ele então resolveu dizer que vai continuar. Como ele vai perder as eleições, ele não vai precisar continuar nada”, disse o ex-presidente.
Na mesma entrevista, Lula também falou sobre as condicionantes do programa em um possível governo seu. “O Bolsa Família é um programa que não é apenas pela distribuição do dinheiro. O Bolsa Família é um programa com condicionantes. Para a mulher receber o Bolsa Família, ela tem que colocar os seus filhos em idade escolar na escola”, disse ele.
Vale lembrar que o Auxílio Brasil atual ainda conta com uma série de condicionantes. A maioria delas são justamente estas citadas pelo ex-presidente Lula na entrevista ao SBT. Contudo, é fato que existem críticas ao modo como estas condicionantes são tratadas hoje.
Estas críticas começaram a crescer sobretudo no auge da pandemia do novo coronavírus no país. O Governo Federal decidiu não aplicar nenhum tipo de punição no Auxílio Brasil para as famílias que se negassem a se vacinar contra o vírus.
Analistas dizem que com a frouxidão na exigência da vacinação, o país pode ter que conviver com o retorno de doenças que estavam controladas. Ao menos é o que aponta uma análise do Instituto Butantan.
“Com a pandemia do novo coronavírus a situação se agravou. Em 2019 a imunização contra sarampo, caxumba e rubéola era de 93,1%. Já em 2021, os números caíram para 71,5%. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma abrangência mínima de 95%”, diz a nota técnica.
“Até mesmo a vacinação contra Covid-19, tão esperada entre os pequenos, está aquém das expectativas. Segundo informações da Agência Senado, 60% das crianças entre 5 e 11 anos tomaram a primeira dose e apenas 30% tinham o esquema vacinal completo em maio”, disse o Instituto
Sobre o valor do Auxílio Brasil, Lula erra ao dizer que o Congresso Nacional indicou um auxílio de R$ 600 no início da pandemia. Na verdade, o Governo apresentou uma proposta de benefício de R$ 200, os parlamentares pediram uma elevação para R$ 500 e o poder executivo fechou a conta em R$ 600.