A produção industrial brasileira voltou a encolher em abril, após avançar no mês anterior. O recuo de 0,6% registrado em abril é o terceiro de 2023, visto que a indústria só cresceu em março (+1,1%) neste ano.
Esse é um péssimo resultado, pois a indústria figura como um dos principais setores econômicos do país. Assim, quanto mais quedas o setor registrar, significa que mais fraca está a atividade econômica brasileira.
Aliás, nos últimos sete meses, a produção industrial só conseguiu crescer em dois deles: março deste ano e outubro de 2022. Nos demais meses, o resultado caiu ou ficou estável, na comparação com o mês anterior.
Por falar nisso, o recuo da produção industrial não foi apenas em relação a março. Da mesma forma, a produção também encolheu na comparação com abril de 2022 (-2,7%). Isso mostra que o desempenho industrial do país vem enfrentando muitos desafios para se manter no campo positivo em 2023.
Em resumo, a atividade industrial está 2,0% abaixo do nível de fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19. Em março, a diferença era de 1,9%, ou seja, a produção industrial aumentou levemente as perdas acumuladas desde o início da crise sanitária, mostrando que é preciso voltar a crescer para superar todos os impactos provocados pela pandemia.
Além disso, a produção industrial brasileira está 18,5% abaixo do patamar recorde registrado em maio de 2011. Em março, a diferença era de 17,9%, o que reflete a piora do setor em abril.
Todos esses dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A série histórica teve início em janeiro de 2002 e, de lá pra cá, informa o desempenho da produção industrial do país mensalmente.
De acordo com a PMI, 16 dos 25 ramos industriais registraram resultados negativos em abril. Da mesma forma, duas das quatro grandes categorias econômicas pesquisadas pelo IBGE também fecharam o mês em queda, na comparação com março.
Em abril, os setores que exerceram os principais impactos negativos na produção industrial brasileira foram:
A atividade de produtos alimentícios foi responsável pelo maior impacto negativo na indústria brasileira em abril. Em suma, esta é a quarta queda consecutiva na produção do setor, que acumulou uma forte perda de 7,3% no período.
Aliás, o resultado só não foi pior graças à retomada do crescimento de carnes de bovinos, que foi bastante impactada pela suspensão das exportações da proteína para a China.
A segunda maior influência negativa veio do setor de máquinas e equipamentos, cuja queda eliminou o crescimento de 6,7% registrado em março. A saber, a queda ficou disseminada nos principais grupamentos do setor, o que explica o tombo de 9,9% em relação a março.
Por sua vez, o terceiro maior impacto negativo veio de veículos automotores, reboques e carrocerias. O resultado sucede dois meses de variação nula. Inclusive, a queda na produção de “automóveis e caminhões, que são os itens de maior peso na atividade”, derrubou a taxa mensal do setor.
A produção industrial do país encolheu em abril devido à queda registrada em dez dos 15 locais pesquisados. Em suma, os recuos disseminados puxaram a taxa nacional para baixo no mês.
“Esse espalhamento regional da retração da indústria é reflexo de uma atmosfera ainda de incertezas no setor“, explicou o analista da pesquisa, Bernardo Almeida.
“A conjuntura que o país atravessa, uma inflação ainda elevada, um desemprego ainda em um patamar considerado alto, com contratações ainda aquém do necessário impacta diretamente o poder de compra das famílias, e por consequência, a cadeia produtiva da indústria“, acrescentou.
Confira quais locais que tiveram os maiores recuos percentuais em abril:
Segundo Almeida, a forte queda registrada na produção industrial do Amazonas “é explicada pelo desempenho aquém do setor de equipamentos informática e de eletrônicos, bastante influentes no estado“. A retração em abril interrompe quatro meses de crescimento, período em que a indústria amazonense acumulou ganhos de 22,3%.
No caso de Pernambuco, o resultado negativo veio após três meses de crescimento, período em que teve um ganho acumulado de 33,5%. “Houve pressão dos setores de veículos e de alimentos“, explicou Bernardo Almeida.
Do lado das altas , os únicos locais a registrarem taxas positivas em abril foram:
O IBGE revelou que o Rio Grande do Sul registrou a segunda taxa positiva consecutiva, acumulando alta de 8,1% no período. No entanto, a produção industrial gaúcha ainda se encontra 1,9% abaixo do nível pré-pandemia e 14,8% abaixo do patamar mais alto da série histórica, registrado em outubro de 2013.
Com o acréscimo do avanço mensal, a produção industrial aumentou as perdas acumuladas no ano. O resultado acumulado no primeiro quadrimestre de 2023 ficou 1,0% menor que o registrado no mesmo período do ano passado.
Nessa base comparativas, as maiores quedas vieram de Rio Grande do Sul (-8,7%), Ceará (-4,7%), Santa Catarina (-4,5%) e Pernambuco (-4,1%). Aliás, apenas seis dos 18 locais pesquisados acumularam taxas positivas no ano: Amazonas (+11,2%), Minas Gerais (+6,5%), Rio de Janeiro (+3,4%), Maranhão (+1,7%), Mato Grosso do Sul (+0,6%) e Rio Grande do Norte (+0,6%).
Já no acumulado dos últimos 12 meses até abril, a taxa caiu 0,2% no Brasil. Em resumo, dez locais tiveram resultados negativos, com destaque para Espírito Santo (-9,7%), Pará (-6,1%), Pernambuco (-4,9%) e Ceará (-4,4%).
Em contrapartida, os únicos avanços vieram de: Mato Grosso (+9,9%), Amazonas (+7,6%), Rio de Janeiro (+3,5%), Minas Gerais (+1,3%) e São Paulo (+0,2%).
Por fim, a PIM Brasil produz indicadores de curto prazo desde a década de 1970, segundo o IBGE. Em síntese, o levantamento analista o comportamento do produto real das indústrias extrativa e de transformação.