O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,69% em março deste ano. Na comparação com o mês anterior, o indicador desacelerou, visto que sua variação havia sido de 0,76% em fevereiro. Aliás, este índice é considerado a prévia da inflação oficial do Brasil.
Em resumo, o principal objetivo do IPCA-15 é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos”, segundo o IBGE.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo levantamento, divulgou as informações nesta sexta-feira (24). Apesar da desaceleração, a prévia da inflação veio levemente acima do esperado pelos analistas do mercado financeiro, cuja média das projeções apontava para uma inflação de 0,65% em março.
Com o acréscimo deste resultado, a variação acumulada pelo IPCA-15 nos últimos 12 meses desacelerou de 5,63% para 5,36%. Ainda assim, a taxa segue acima da meta central definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2023, de 3,25%. No entanto, vale destacar que a taxa poderá desacelerar ainda mais ao longo do ano, até atingir a meta.
O IBGE revelou que oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram alta em seus preços em março, assim como ocorreu no mês anterior. Isso acabou impulsionando a prévia da inflação no mês, refletindo o aumento disseminado dos preços no terceiro mês de 2023.
Confira abaixo a variação registradas pelos grupos pesquisados pelo IBGE:
De acordo com o IBGE, a única exceção foi o grupo artigos de residência, cujos preços caíram 0,18% em relação a fevereiro. Embora os preços tenham recuado, os brasileiros não devem ter percebido a diferença, uma vez que a queda da inflação nesse grupo foi bem leve.
Em suma, o grupo transportes teve a maior variação em março, exercendo o maior impacto na prévia da inflação, de 0,30 ponto percentual (p.p.). No grupo, o item gasolina ficou 5,76% mais caro e impactou o IPCA-15 em 0,26 p.p. no mês, maior impacto individual. Além disso, o etanol também subiu no mês (1,96%), após queda de 1,65% em fevereiro.
Ambos os combustíveis registraram alta em seus preços devido à retomada da cobrança de impostos federais que incidem sobre eles (PIS/Cofins). Assim, os motoristas do país que abastecem seus veículos com gasolina ou etanol estão tendo que pagar mais caro pelos combustíveis.
Já o grupo saúde e cuidados pessoais, que teve a segunda maior variação no mês, exerceu um impacto de 0,15 p.p. na prévia da inflação. No grupo, os preços do item perfume dispararam 5,88%, fazendo-o influenciar o IPCA-15 em 0,06 p.p.
Em síntese, cada grupo possui um peso diferente na composição do IPCA-15. Isso porque eles impactam de maneiras diferentes a renda das famílias, ou seja, a variação da inflação também se baseia nesse fator. Por isso que nem sempre os grupos com as maiores altas exercem os maiores impactos na prévia da inflação.
Em março, o IPCA-15 se manteve em patamar bastante elevado. Segundo o IBGE, todos os locais pesquisados registraram aumento no preço dos produtos e serviços, assim como em janeiro e fevereiro. Isso quer dizer que os brasileiros estão tendo que pagar mais caro para adquirir itens ou contratar serviços em 2023.
Em resumo, o IPCA-15 analisa a variação dos preços em nove regiões metropolitanas do país: Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Além destas, a coleta de dados também acontece em Brasília e no município de Goiânia.
Confira abaixo as taxas inflacionárias registradas em todos os locais pesquisados:
“As maiores variações foram registradas em Porto Alegre e Curitiba, ambas com 1,13%. Nos dois casos, a principal contribuição para a alta veio da energia elétrica, com variações de 10,76% e 10,42%, respectivamente. Já o menor resultado foi observado em Salvador (0,37%), influenciado pelas quedas de 10,35% nas passagens aéreas e de 9,13% no seguro voluntário de veículo”, explicou o IBGE.
Por falar em energia elétrica residencial, o item foi destaque no grupo habitação, que impactou o IPCA-15 em 0,12 p.p. no mês. A saber, o item energia elétrica exerceu o maior impacto individual do grupo, de 0,11 p.p. Aliás, Belo Horizonte teve a maior alta nos preços entre os locais pesquisados, de 11,66%, superando as variações de Porto Alegre e Curitiba.