Nesta quinta-feira (26), foi escrito mais um capítulo da novela envolvendo o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e a empresa Uber. O gestor disse hoje que caso a companhia desrespeite as regras trabalhistas da cidade, vai passar a sofrer as consequências impostas pelas leis locais.
Recentemente, a prefeitura da cidade de São Paulo anunciou que proibiu o serviço de Uber Moto na capital paulista. Trata-se de um sistema semelhante ao que acontece com os carros do Uber, mas com motocicletas. Nunes disse que este serviço seria perigoso e poderia colaborar para um aumento no número de acidentes com trabalhadores.
“Eu não quero guerra com eles (Uber), mas se eles querem guerra, vão ter”, declarou o prefeito hoje. A suspeita da prefeitura é de que mesmo depois desta ordem da gestão municipal, o serviço de Uber esteja sendo oferecido normalmente, o que seria um desrespeito a uma norma local.
“Seria ilógico que uma atividade dessa, sem regulamentação, sem um plano de segurança, sem a gente saber como isso vai repercutir na questão de geração de acidentes e, consequentemente, de óbitos de pessoas, seja autorizada”, disse Nunes, sem explicar exatamente qual tipo de punição poderia ser dada para a empresa.
“As questões relacionadas a acidentes de motos levam a situações gravíssimas, inclusive óbitos. Então, não é possível que a cidade de São Paulo vai poder assistir a uma empresa que é importante para a cidade, sediada aqui, fazer alguma atividade sem que nos apresenta qual é o plano, quantas pessoas podem ser transportadas, se tem segurança, se vai ter o capacete”, disse o prefeito.
A empresa vem dizendo que já fez testes sobre aumento de acidentes em outras cidades do país. Além disso, a Uber afirma que especificamente em São Paulo há uma falta de trabalhadores interessados em trabalhar nesta área. De todo modo, a companhia afirma que pretende expandir a ação, mesmo depois da regra imposta pela prefeitura.
“A Uber defende a coexistência de novas opções de mobilidade trazidas pela tecnologia para o benefício de todos e segue à total disposição dos municípios para debater, dialogar e contribuir para a construção de um eventual marco regulatório para essa modalidade, assim como faz em diversas cidades por todo o Brasil.”
Luciana Ceccato, diretora de marketing da Über no Brasil, minimizou os riscos. “Antes de desembarcar nas duas maiores cidades brasileiras (São Paulo e Rio), a empresa passou mais de dois anos estudando o uso do produto em diversos lugares. Avaliamos o comportamento que o Über Moto teve em diferentes municípios brasileiros.”
Dados divulgados pela prefeitura da cidade de São Paulo mostram que as mortes em acidentes com motocicletas na cidade aumentaram 29,4% em 2022, na comparação com o ano imediatamente anterior.
Esta não é uma especificidade da cidade de São Paulo. A alta de mortes com motociclistas vem se tornando uma realidade nacional. Críticos afirmam que boa parte destes acidentes acontecem justamente conforme também se vê um aumento no número de trabalhadores de app, como a Uber, por exemplo.
A Prefeitura de São Paulo criou um plano para tentar diminuir o número de mortes no trânsito dos atuais 6,5 para 4,5 mortes para cada 100 mil habitantes