O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) subiu 0,31% em janeiro de 2023. Embora a variação tenha sido leve, e muito provavelmente não tenha afetado o bolso dos brasileiros, superou a taxa registrada no mês anterior (0,08%). E isso já preocupa, pois ninguém quer que os custos do setor acelerem no país.
Com o acréscimo deste resultado, a taxa acumulada nos últimos 12 meses chegou a 10,45%, ficando abaixo do percentual registrado nos 12 meses imediatamente anteriores (10,90%).
No mês passado, o custo nacional da construção, por metro quadrado, chegou a R$ 1.684,45. Essa taxa superou o valor registrado em dezembro (R$ 1.679,25), indicando aceleração dos preços do setor no primeiro mês de 2023.
Em resumo, o valor de R$ 1.000,94 correspondeu aos materiais, enquanto R$ 683,51 se referiu à mão de obra. No primeiro caso, a parcela dos materiais variou -0,03%, ou seja, os preços dos materiais da construção civil ficaram mais baratos no país, mesmo que de maneira bem leve.
“Um dos destaques nesse mês é a variação da parcela dos materiais, que apresentou o primeiro resultado negativo desde dezembro de 2019, quando foi de -0,13%”, informou Augusto Oliveira, gerente do Sinapi. Isso quer dizer que os brasileiros puderam comprar materiais um pouco mais baratos, em média, no país.
Em janeiro, o custo com mão de obra subiu 0,81%, puxando a inflação da construção civil para cima, apesar da queda dos preços dos materiais. A variação foi bem mais expressiva que a registrada em dezembro do ano passado (0,08%). Já na comparação com janeiro de 2022, os preços desaceleraram, visto que a taxa havia ficado em 0,87% no país.
Vale destacar que o aumento firme dos custos com mão de obra foram impulsionados em janeiro deste ano devido ao reajuste do salário mínimo. Em suma, o piso nacional vigente passou de R$ 1.212 para R$ 1.302, aumentando a renda dos trabalhadores do país. E isso se refletiu nos custos com mão de obra da construção civil.
“Neste mês, diversos estados registraram taxas negativas no resultado agregado dos componentes materiais e mão-de-obra. Este quadro teve origem nas quedas captadas nos preços dos materiais, retratando a desaceleração dos índices em alguns estados e, em outros, uma deflação”, analisou Oliveira.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo levantamento, divulgou as informações nesta quinta-feira (9).
O Norte registrou a maior variação entre as regiões do país em janeiro (0,71%), superando em mais de duas vezes a taxa nacional. Na região, os destaques foram Amazonas e Pará, onde os custos do setor subiram 1,07% e 0,89%, respectivamente, impulsionando a variação regional.
A região Sudeste também teve uma variação superior à média nacional, de 0,54%. A taxa regional foi impulsionada por Minas Gerais, onde os preços da construção civil subiram 1,99% em janeiro.
Aliás, o estado teve a maior taxa mensal entre todas as 27 unidades federativas (UFs) no mês passado. E isso aconteceu, principalmente, por causa dos reajustes registrados nas categorias profissionais, segundo o IBGE.
Por outro lado, os preços nas demais regiões brasileiras subiram menos que a média nacional. A saber, as taxas foram as seguintes: Centro-Oeste (0,25%), Nordeste (0,03%) e Sul (0,00%).
Entre as UFs, sem contar Minas Gerais, Amazonas e Pará, também se destacaram Goiás (0,91%), Maranhão (0,62%), Sergipe (0,58%) e Rio Grande do Norte (0,36%). Estas sete UFs foram as únicas a apresentarem uma variação superior à média nacional no mês passado.
O IBGE também revelou que, apesar do maior aumento ter sido registrado no Norte, foi no Sul que os custos médios alcançaram o maior patamar, de R$ 1.761,86. Esse valor se refere ao custo da construção, por metro quadrado, definido pelos preços de mão de obra e de materiais.
Em seguida, ficaram as regiões Sudeste (R$ 1.744,44), Centro-Oeste (R$ 1.727,02) e Norte (R$ 1.709,77), com todas elas superando a taxa nacional. Apenas o Nordeste que teve custos inferiores aos nacionais, de R$ 1.561,05.
Confira abaixo os maiores valores registrados pelas UFs em janeiro:
Por fim, o Sinapi foi criado para produzir informações de custos e índices de maneira sistematizada e com abrangência nacional. Isso aconteceu para elaborar e avaliar orçamentos da construção civil, bem como acompanhar os custos do setor.