A inflação da construção civil desacelerou em fevereiro de 2023. Isso quer dizer que os preços do setor tiveram uma variação menor que a registrada em janeiro. No entanto, isso não quer dizer que os custos da construção caíram. Pelo contrário, subiram novamente, mas de maneira menos intensa que no mês anterior.
Em fevereiro, os preços da construção civil ficaram 0,21% mais caros que em janeiro. A taxa ficou inferior à oscilação observada no primeiro mês de 2023, quando os custos subiram 0,32%.
Esses dados compõem o Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M), medido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre).
Com o acréscimo do resultado de fevereiro, o setor passa a acumular uma inflação de 8,76% nos últimos 12 meses. A título de comparação, no acumulado de 12 meses, até fevereiro de 2021, os preços do setor haviam subido 13,04%, ou seja, bem mais do que a taxa anual atual do INCC-M.
O índice que mede a mão de obra voltou a desacelerar no país, após registrar um forte acréscimo em janeiro. Em resumo, a taxa do indicador passou de 0,77% para 0,10% entre os meses.
Por outro lado, a inflação referente aos preços de materiais e equipamentos saiu do campo negativo, subindo de -0,26%, em janeiro, para 0,16%. Esse resultado pressionou os custos da construção no mês, limitando a desaceleração do INCC-M.
Da mesma forma, a variação relacionada a serviços também acelerou em fevereiro, passando de 0,53% para 1,10%. Em síntese, os preços relacionados aos serviços vêm acelerando no país nos últimos meses, mas as altas continuam pouco significativas, para certo alívio dos consumidores.
A saber, o FGV Ibre pesquisa os preços da construção em sete capitais brasileiras. A inflação do setor acelerou em seis delas, e nenhum local teve taxa negativa, diferentemente de janeiro, quando os custos caíram em quatro capitais pesquisas, que ficaram com taxas negativas.
Veja abaixo a variação da inflação nas capitais em fevereiro:
Em fevereiro, o único local que não teve aceleração em sua taxa foi Belo Horizonte, visto que os preços haviam disparado 3,17% em janeiro, mas variaram apenas 0,04% neste mês. Apesar do forte decréscimo, os custos se mantiveram em campo positivo, ou seja, os preços subiram novamente no país, mas de maneira bem leve.
O FGV Ibre também divulgou dados do Índice de Confiança da Construção (ICST). Em suma, o indicador revela o grau de confiança dos empresários do setor. E, em fevereiro, o resultado surpreendeu.
Desde abril que os empresários da construção civil estavam se mostrando otimistas no país. No entanto, o pessimismo começou a ganhar força no final do ano passado, refletindo a falta de confiança do setor com a atividade econômica brasileira.
De acordo com o levantamento, o (ICST) subiu 0,8 ponto em fevereiro, chegando aos 94,4 pontos. A alta interrompeu uma sequência de quatro meses de queda, mas os analistas alertam que esse resultado não indica que os empresários passaram a ficar otimistas com o país.
Para quem não sabe, o ICST mostra o grau de otimismo ou de pessimismo dos empresários do setor da construção civil do Brasil. Com a alta registrada em fevereiro, o indicador se afastou levemente do menor patamar em que se encontrava desde março de 2022 (92,9 pontos).
A propósito, taxas acima de 100 pontos representam otimismo, enquanto taxas inferiores a 100 pontos correspondem a pessimismo. Isso quer dizer que os empresários da construção civil do país estão levemente pessimistas, com o indicador um pouco abaixo de 100 pontos.
“Pelo terceiro mês consecutivo, o revés na carteira de contratos afetou a percepção sobre a situação atual das empresas, indicando um arrefecimento do crescimento dos negócios”, disse Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre.
De acordo com o levantamento, o ICST avançou em fevereiro devido às expectativas em relação ao futuro. Em síntese, o Índice de Expectativas (IE-CST) subiu 3,4 pontos, para 95,6 pontos, maior nível desde outubro de 2022 (103,2 pontos).
Por outro lado, o Índice de Situação Atual (ISA-CST) caiu 1,7 ponto no mês, para 93,4 pontos, menor patamar desde maio de 2022 (92,5 pontos). Embora o recuo tenha sido leve, o sentimento dos empresários sobre o presente continua refletindo leve pessimismo.
De acordo com Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre, “o pessimismo que contaminou o setor desde outubro diminuiu significativamente em fevereiro, liderado pelo segmento de Edificações, que reagiu de forma positiva ao anúncio de retomada do Programa Minha Casa Minha Vida“.
Por fim, o FGV Ibre revelou que, “há um ano, o custo dos materiais figurava como a segunda principal limitação à melhoria dos negócios. Demanda insuficiente era a principal dificuldade”.
Já em 2023, os dados refletem a desaceleração dos preços dos materiais, que ficou mais intensa no segundo semestre do ano passado. Aliás, este quesito acabou superado por escassez de mão obra qualificada, o que confirma o “aquecimento setorial”, segundo o FGV Ibre.