O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a crise hídrica que o país enfrenta pode causar uma inflação que aumente o preço dos alimentos. A declaração foi dada nesta quarta-feira (02) em um evento promovido pelo Banco de Compensações Internacionais (Bank for International Settlements, o BIS).
Campos neto também analisou que não só a possível alta no preço dos alimentos deve ser levada em consideração, mas também o meio ambiente e relações sociais.
“No nosso caso (Brasil), é importante não só falar de clima, mas também dos aspectos sociais e de meio ambiente. Nós olhamos para isso e como isso afeta a política monetária”, defendeu.
“Nós temos todos esses choques, e isso está de volta ao Brasil porque agora nós estamos falando de uma crise de energia no Brasil de novo, porque não está chovendo o suficiente. E isso tem um efeito na inflação, no preço de alimentos, em tudo que fazemos”, completou o presidente do Banco Central.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ainda admitiu nesta terça-feira (03) que a inflaçao e consequente alta no preço dos alimentos. Mesmo diante disso defendeu que não irá interferir no mercado.
“Nós investimos na produção. Tenho certeza de que dessa forma diminuiremos o preço da alimentação, produzindo mais e não interferindo no mercado”, declarou.
Ele ainda comentou sobre a reforma tributária no país. “Reforma sim, mas sem aumento de impostos. Não podemos continuar sendo um dos países com maior carga tributária do mundo”, defendeu.
A crise hídrica causa preocupação no país, principalmente por bater recordes históricos (entenda mais abaixo). O governo também tem se mostrado agitado.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, por exemplo, recomendou que as pessoas façam uso mais racional da energia, mesmo descartando um eventual racionamento compulsório. A entrevista foi concedida ao Globo.
Já o secretário de políticas econômicas, Adolfo Sachsida, pegou o problema para embasar a privatização da Eletrobras.
E ainda o secretário de Fazenda, Bruno Funchal, analisou que a crise hídrica pode ter impactos na retomada da economia e também nos índices de inflação.
A seca que atinge as hidrelétricas no país é a maior registrada no Brasil em 91 anos na região Sudeste/Centro-Oeste.
Neste cenário, o governo deve contratar mais termelétricas para gerar energia. O que pode deixar a conta ainda mais cara.
A iniciativa pretende garantir o abastecimento de energia em todo o país e se livrar de um possível risco de racionamento no segundo semestre.