Economia

Preço do combustível: Haddad diz o que acha sobre fim do PPI

O Ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT), quebrou o silêncio e falou pela primeira vez sobre a Preço de Paridade Internacional (PPI) na definição do valor do combustível no Brasil. Segundo o chefe da pasta econômica, é preciso ter calma para debater o tema e dar transparência para a Petrobras.

“O PPI é uma coisa complicada, não é uma coisa que você muda em duas semanas. Exige estudo. Nós somos dependentes de importação de derivados, tem muitos importadores atuando”, disse ele. Nos últimos dias, tal política foi criticada por diversos membros do PT, inclusive a presidente do partido, Gleisi Hoffmann.

A declaração de Haddad acontece apenas um dia depois de a Petrobras anunciar a redução dos preços da gasolina e do diesel vendidos a distribuidoras de todo o país. Agentes do mercado financeiro entenderam o movimento como a primeira intervenção mais forte do governo Lula no sistema de definição da estatal.

“Não estamos tendo sucesso, até aqui, em dar maior transparência à tomada de decisão da empresa em relação a esse tópico (política de preços da estatal)”, afirmou o ministro em entrevista ao portal Uol nesta quarta-feira (1). Segundo Haddad, alguns estudos estariam indicando que o preço estava acima do PPI.

“O preço dos gás está bastante acima do PPI. Nós vamos checar isso”, disse o Ministro, sem indicar que o sistema vai acabar ou não. Vale lembrar que durante a campanha presidencial do ano passado, o presidente Lula chegou a criticar em diversas ocasiões o sistema de paridade internacional para definição do preço do combustível.

O que é o PPI

O preço de paridade internacional é o sistema que a Petrobras utiliza atualmente para definir o valor do combustível praticado no Brasil. Tal formato começou a ser usado durante a gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB) e foi mantido durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O sistema toma como base os custos de importação, que incluem também o transporte e os tributos portuários. Tais dados são usados como as principais referências para o cálculo dos preços dos combustíveis no Brasil.

Na prática, como o sistema usado toma como base o mundo externo, a variação do dólar acaba tendo forte impacto no cálculo da gasolina e do diesel no Brasil. O formato é polêmico e costuma receber críticas e elogios com frequência.

Tributos sobre combustíveis

Na mesma entrevista concedida ao portal Uol, o Ministro Fernando Haddad confirmou a reoneração sobre os combustíveis no Brasil. Ele disse ainda que o presidente Lula (PT) foi convencido de que tal medida seria a melhor a ser tomada agora.

“A reoneração da gasolina será de R$ 0,47, o que, com o desconto de R$ 0,13 centavo da Petrobras, dá um saldo líquido de R$ 0,34. E a reoneração do etanol será de R$ 0,02, mantendo a diferença de R$ 0,45 centavo”, disse Haddad.

“E o diesel, que caiu R$ 0,08 centavo. E, como não há reoneração, estamos falando de uma queda de preço do diesel nessa proporção, pois está desonerado até o fim do ano”, completou o Ministro da Fazenda.