O Banco Central (BC) divulgou nesta sexta-feira (10) que as cadernetas de poupança tiveram R$ 98,3 bilhões a mais em retiradas do que depósitos, no período de janeiro a outubro de 2023.
Dentre os possíveis motivos para a retirada de quase R$ 100 bilhões da poupança estão os juros altos, assim como o alto nível de endividamento da população brasileira. No entanto, apesar do grande montante retirado, a evasão de dinheiro da poupança foi maior nos dez primeiros meses de 2022. Na ocasião, as retiradas superaram os depósitos em R$ 102,1 bilhões.
De acordo com o Banco Central, os depósitos da poupança acumularam um total de R$ 3,13 trilhões neste ano, já as retiradas somaram R$ 3,23 trilhões. Com isso, o resultado foi o déficit de R$ 98,3 bilhões na modalidade de investimento.
Além disso, o BC informou que apenas no mês de outubro os saques da poupança ultrapassaram os depósitos em R$ 12,16 bilhões. Dessa forma, este mês demonstrou uma retirada maior na comparação com outubro de 2022, quando R$ 11 bilhões foram retirados.
O estoque dos valores depositados, que representa o volume total aplicado na poupança, ficou em R$ 961,8 bilhões em outubro, registrando queda com relação ao mês anterior, quando estava em R$ 968,3 bilhões.
Como dito, os altos juros e o endividamento da população podem ser as causas da retirada de quase R$ 100 bilhões da caderneta de poupança. Nesse sentido, apesar dos juros ainda serem altos, a taxa Selic teve três quedas seguidas, ficando em 12,25% ao ano.
Mesmo assim, o Brasil possui a maior taxa de juros reais do mundo, que são calculados após um ajuste pela inflação, ou seja, representam o rendimento real do dinheiro. Além disso, o endividamento dos brasileiros continua alto. De acordo com o Banco Central, o endividamento chegou a 48% da renda acumulada nos doze meses anteriores a agosto deste ano.
Esse veículo de investimento atingiu um rendimento real, ou seja, acima da inflação, no ano passado, o que não acontecia desde 2018. Sendo assim, o real rendimento da poupança chegou a 2%, valor obtido após descontar a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Entretanto, apesar do ganho real, a poupança ainda conta com um rendimento limitado, fazendo com que muitos investidores prefiram outros investimentos.
A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 5090) propõe uma alteração na correção dos valores depositados nas contas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). O caso está sendo julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), sendo que o presidente da Corte e também relator da ação, Roberto Barroso, votou para que o rendimento dos valores no fundo seja igual ao da poupança. Os ministros Nunes Marques e André Mendonça seguiram o voto de Barroso.
Sendo assim, após negociações com o governo, Barroso modulou o seu voto na sessão desta quinta-feira (9), fazendo com que as alterações na correção do fundo passem a valer apenas a partir de 2025, tendo em vista que o Orçamento de 2024 da União não está considerando a alteração.
Além disso, a alteração na correção dos valores depositados no FGTS, que deverá ficar igual à poupança, será válida apenas para os novos depósitos, contando a partir da publicação da ata do julgamento. Barroso ainda decidiu que as mudanças em função da determinação do STF serão implementadas com base no processo de elaboração do PLDO (Projeto de Diretrizes Orçamentárias) do próximo ano com referência a 2025.