Economia

Poupança bate recorde de saques, perdendo R$ 33,63 bilhões em janeiro; Entenda

A poupança, “queridinha” de muitos brasileiros, com quase 50 milhões de investidores, vem perdendo o encanto em 2023, com saques superiores a depósitos em mais de R$ 33 bilhões no mês de janeiro, segundo dados divulgados pelo Banco Central.

Os saques representam o maior valor líquido de retiradas mensais desde o início da pesquisa feita pelo BC, iniciada em janeiro de 1995. Importante destacar que a maior retirada da poupança já registrada ocorreu em agosto de 2022, totalizando R$ 22 bilhões a mais do que os investidores depositam.

Fuga de recursos

A caderneta de poupança ficou sob pressão com o fim do auxílio emergencial, baixa renda, rendimentos baixos e aumento da dívida dos brasileiros. Os saques líquidos no ano somaram R$ 103,237 bilhões, quase o dobro do valor sacado em todo o ano de 2015 (-R$ 53,567 bilhões), o ano mais negativo da série histórica do banco central iniciada em 1995.

Além disso, apesar do aumento da taxa de juros, a Selic, que por sua vez, aumenta a renda da poupança, muitos brasileiros estão em busca de investimentos mais rentáveis e com retorno acima da inflação.

Para se ter uma ideia, em janeiro, a poupança rendeu 0,71%, enquanto o CDI rendeu 1,12%. A rentabilidade em doze meses foi de 8,06% e 12,83%, respectivamente, mostrando haver investimentos em renda fixa mais atraentes.

Endividamento pesa na balança

Um dos principais fatores na retirada líquida da poupança está diretamente relacionado ao acúmulo de gastos dos brasileiros, como a compra de material escolar, impostos como IPTU e IPVA e despesas com viagens.

É importante ressaltar que, segundo o BC, a dívida vinculada à renda é de 49,5% (incluindo as operações de crédito), muito superior ao que era antes da crise da COVID-19, que em fevereiro de 2020, era de cerca de 42%.

Desse modo, com o nível de endividamento muito alto, as famílias brasileiras optam por utilizar as reservas da poupança, criando um descompasso entre as retiradas líquidas e os depósitos.

Mesmo com perda poupança segue como líder

Apesar de uma queda acentuada, representada pela retirada de R$ 334,41 bilhões no mês de janeiro, a poupança ainda segue como a prioridade número 1 de milhões de brasileiros na hora de alocar recursos.

Segundo a Pesquisa Raio-X do Investidor Brasileiro 2022, realizada pela Anbima, aproximadamente 23% dos brasileiros investe em caderneta de poupança. Como resultado, quase 50 milhões de pessoas perderam retornos mais atraentes e arriscam perder dinheiro para a inflação.

Uma das razões para escolher a poupança é que se trata de uma aplicação de renda regular fácil e acessível que está disponível para todos, mesmo os menores podem abrir uma conta em seu nome desde que tenham autorização de um dos pais ou responsável legal.

Além disso, a poupança é isenta de custos e não há incidência de tributos, como o Imposto de Renda. Com isso, o brasileiro, com baixo conhecimento sobre aplicações mais rentáveis e com uma grande parcela de comodidade, continua colocando seu dinheiro na poupança.