Português: Separação de sílabas

Divisão da palavra em unidades linguísticas constituídas de fonemas

A separação silábica do português tem regras relacionadas com a formação das sílabas.

É importante saber que as sílabas são destituídas de significação e constituídas de vogal (“a”, “e” e “o”), semivogal (“i” e “u”), consoantes e os fonemas que auxiliam na distinção sonora.

A gramática da língua portuguesa apresenta especificidades quanto a separação silábica. E em decorrência disso é preciso relembrar conceitos gramaticais importantes.

O conhecimento gramatical é imprescindível para o processo de construção textual, a exemplo da acentuação gráfica, da concordância verbal e nominal, do emprego do hífen e da coesão textual.

Assim sendo, o estudo da separação silábica está no mesmo rol de importância para a língua escrita.

Para começar, leia abaixo o poema “Budismo moderno” do poeta da literatura brasileira, Augusto dos Anjos, que escreve com uma linguagem lírica antissentimental. Atente-se às palavras negritadas:

Tome, Dr., esta tesoura, e… corte

Minha singularíssima pessoa.

Que importa a mim que a bicharia roa

Todo o meu coração, depois da morte?!

 

Ah! Um urubu pousou na minha sorte!

Também, das diatomáceas da lagoa

A criptógama cápsula se esbroa

Ao contacto de bronca destra forte!

 

Dissolva-se, portanto, minha vida

Igualmente a uma célula caída

Na aberração de um óvulo infecundo;

 

Mas o agregado abstrato das saudades

Fique batendo nas perpétuas grades

Do último verso que eu fizer no mundo!

 

Não somente o poeta, mas quando escrevemos qualquer tipo de gêneros textuais usamos um “mar” de palavras, obviamente, formadas por sílabas, que formam as frases e orações que dão sentido a unidade do texto.

Observe que o poema foi construído com palavras que ganham conceitos gramaticais e têm regras específicas da separação silábica.

Então, as palavras do poema “corte” e “destra” são constituídas de encontros consonantais imperfeito e perfeito respectivamente. As palavras “minha”, “pessoa”, “bicharada” e “aberração” são dígrafos.

A palavra “pousou” é um ditongo e a palavra “caída” é um hiato. Você lembra desses conceitos gramaticais? Cada um deles apresentam especificidades quanto a separação silábica.

E não podemos esquecer ainda dos tritongos. Aprenda essas especificidades da separação silábica com o Guia Enem! Basta continuar lendo esse artigo.

 

Quando fazer a separação silábica

Para fazer a separação silábica das palavras é preciso saber em quais situações gramaticais ela deve acontecer.

Então, vejamos agora essas situações e as regras em que se aplicam.

 

Hiato

O hiato é um encontro de vogais na palavra mas que ficam em sílabas separadas.

A palavra “caída” é um hiato porque a separação das sílabas ocorre da seguinte forma: ca-í-da.

Observe que antes das sílabas serem separadas a vogal “a” e a semivogal “i” ficam juntas na palavra. Mas, depois da separação a semivogal “i” fica em uma sílaba sozinha.

Dessa mesma forma, separa-se todos os hiatos da língua portuguesa. Leia mais exemplos abaixo:

Exemplo 1: Catarina gosta de estudar durante o dia (di-a).

Exemplo 2: Rafael tem saúde de ferro. (sa-ú-de)

 

Dígrafo

O dígrafo é a representação de duas letras com o mesmo fonema ou a mesma produção sonora.

As palavras “pessoa” e “aberração” são dígrafos porque têm sílabas constituídas de duas letras “ss” e “rr” que produzem os mesmos sons. E são eles:\s\ e \rr\.

Esses dígrafos são chamados de consonantais e se separam. E além do “ss” e “rr” tem o “sc”, “sç” e “xc”. E todos eles devem ser separados em sílabas diferentes. Leia mais exemplos abaixo:

Exemplo 3: A vassoura da titia é vermelha. (vas-sou-ra)

Exemplo 4: Pedro, você Não pode exceder os seus limites. (ex-ce-der)

 

Encontros consonantais imperfeitos

Ao contrário do que acontece com o hiato, os chamados encontros consonantais imperfeitos são duas consoantes unidas nas palavras, mas separadas nas sílabas.

A palavra “corte” é um caso de encontro consonantal imperfeito porque une as consoantes “rt”. Mas na separação das sílabas elas separam-se: cor-te.

Assim, nesse caso, todos os encontros consonantais imperfeitos devem ficar em sílabas diferentes. Leia os exemplos abaixo:

Exemplo 7: O advogado do meu pai é especialista em direito penal. (ad-vo-ga-do)

Exemplo 8: A academia fica subsolo do edifício. (sub-so-lo)

 

Vogais idênticas

Outro caso de situação gramatical em que ocorre a separação silábica é de palavras formadas com vogais idênticas, a exemplo da palavra cooperante (co-o-pe-ran-te). Leia outros exemplos abaixo:

Exemplo 5: Precisamos higienizar as mãos com álcool. (ál-co-ol)

Exemplo 6: José deseja seguir a carreira de empreendedor. (em-pre-en-de-dor)

Quando não fazer a separação silábica

Os casos de ocorrência de separação silábica já são conhecidos. Veja agora os casos de quando não fazê-la.

 

Ditongo

O ditongo é a formação de uma vogal e de uma semivogal na mesma sílaba. É o caso da palavra “pousou”, que mesmo depois da separação das sílabas a vogal “o” e a semivogal “u” permanecem juntas. Veja: pou-sou.

Assim como nesse caso de ditongo, os demais também não se separam. Leia nos exemplos abaixo:

Exemplo 1: O meu chapéu de praia é lindo! (cha-péu)

Exemplo 2: No final do filme sempre tem um herói. (he-rói)

 

Tritongo

O tritongo consiste na formação da semivogal + vogal + semivogal na mesma sílaba.

Os casos de tritongos não podem ser separados e, consequentemente, permanecerem na mesma unidade silábica. Veja nos exemplos abaixo:

Exemplo 3: O Paraguai faz fronteira com o Brasil. (Pa-ra-guai)

Exemplo 4: Eu tenho duas camisas iguais. (i-guais)

 

Dígrafo

Já vimos os dígrafos consonantais que são obrigatoriamente separados em sílabas diferentes.

Agora os dígrafos consonantais “ch”, “lh”, “nh”, “qu” e “gu” não são separados e, logo, permaneceram na mesma sílaba.

As palavras “minha” e “bicharada” são casos de dígrafos que não se separam. Veja: mi-nha e bi-cha-ra-da. Veja mais exemplos abaixo:

Exemplo 5: A marca do queijo que compramos é light. (quei-jo)

Exemplo 6: Não quero guerra, quero paz. (guer-ra)

 

Encontros consonantais perfeitos

Os encontros consonantais perfeitos são formados na junção de uma consoante seguida das consoantes “l” ou “r” na mesma unidade silábica.

A palavra “destra” une as consoantes “tr” e na separação das sílabas elas continuam unidas – des-tra. Por isso, a gramática a conceitua dessa forma.

 

Igualmente, os casos de encontros consonantais perfeitos não são separados. Leia abaixo outros exemplos:

Exemplo 7: Meu irmão é um atleta do boxe. (a-tle-ta)

Exemplo 8: Irei à nova livraria da cidade. (li-vra-ri-a)

 

Encontros consonantais iniciais

Ainda existem palavras na língua portuguesa que são formadas por encontros consonantais iniciais, ou seja, a palavra inicia com duas consoantes. E, nesses casos, não devem ser separadas. Normalmente, elas iniciam com os encontros consonantais gn, mn, pn, ps, pt, bt e tm. Leia alguns exemplos abaixo:

Exemplo 9: Carla está com pneumonia. (pneu-mo-ni-a)

Exemplo 10: Não vou ficar de psicose… (psi-co-se)