Uma das grandes dificuldades que percebemos, não só em alunos e candidatos para concursos públicos, mas também em profissionais com carreiras consolidadas, diz respeito à elaboração de textos coesos e articulados.
Colocar os argumentos no papel de forma que estejam devidamente conectados e articulados, respeitando a progressão textual, não é uma tarefa fácil. Para isso, é necessário um domínio das diferentes ferramentas discursivas conhecidas como conectores. Mas o que são esses conectores textuais, que muitos professores de português vivem repetindo? É isso que vamos entender nesse texto!
Os conectores, também chamados de conectivos ou articuladores do discurso, são palavras ou locuções empregadas para ligar ou articular ideias, palavras ou orações. Trata-se, pois, de um recurso essencial à coesão do texto e, consequentemente, à elaboração de qualquer mensagem.
Em provas, vestibulares e concursos públicos, os conectores textuais são uma ferramenta essencial para a redação de textos dissertativos.
Embora as conjunções sejam a classe de palavras normalmente associadas à função coesiva, outras espécies morfológicas também desempenham esse papel. Entre elas, podem ser apontados como conectores textuais:
Vamos entender melhor como cada uma dessas classes desempenha a função de conexão ou articulação no texto em que são empregadas.
Ao escrever um texto é fundamental que se tenha ideias claras. Para que isso ocorra, as frases devem estar bem articuladas, o que significa ser coeso. Essa articulação pode ser alcançada por meio de elementos conectivos, normalmente conjunções, advérbios e pronomes.
Através de dos elementos de coesão é possível chegar ao encadeamento das ideias: frase B retorna elemento da frase A; parágrafo B refere-se à informação do parágrafo A. Dessa forma, o texto fica com uma sequência lógica.
No entanto, na hora de redigir um texto, é complicado lembrar as variações que evitam o uso repetitivo dos mesmos conectivos. Para evitar esse problema, veja abaixo os principais conectivos seguidos de alguns exemplos.
Esses conectivos exercem a função de apontar soma entre as orações, argumentos e ideias. São eles:
e, nem, pois, além disso, e ainda, não só… mas também, como ainda, bem como… assim como, por um lado,… por outro lado, depois, logo após, finalmente, em primeiro lugar, em segundo lugar, do mesmo modo, igualmente, de igual modo, da mesma maneira, de igual maneira, de novo, novamente, também, primeiramente, da mesma forma, de igual forma, ultimamente, opostamente, de modo oposto, de maneira oposta, por último, etc…
Exemplo aplicado de conectores para adição:
Os rapazes venceram a partida e foram comemorar. Leandro ficou furioso. Além disso, falou tudo que pensava.
Esses conectivos são usados na conclusão do parágrafo, dando clareza a ideia exposta. Esse tipo de conectivo também pode exercer a função de resumo de uma ideia ou argumento.
São eles:
Pois, portanto, por conseguinte, assim, logo, enfim, concluindo, conclusivamente, em conclusão, em síntese, consequentemente, em consequência, por outras palavras, ou seja, em resumo, ou melhor, pois, por isso, deste modo, em suma, sintetizando, finalizando.
Exemplo aplicado de conectores para conclusão:
Logo, é possível observar que a lei precisa de alterações. Portanto, a análise fica condicionada a novas informações.
São utilizados para dar ênfase a uma ideia presente no texto. São eles:
Certamente, é evidente que, com certeza, decerto, naturalmente, que, sem dúvida, sem dúvida que, de certo, é óbvio que, evidentemente, obviamente, verdadeiramente, de verdade, verdadeiro, realmente, exato, exatamente, com exatidão, em outras palavras.
Exemplo aplicado de conectivos de afirmação:
Em outras palavras, é possível observar que tudo estava de acordo com a lei. Evidentemente, Pedro estava certo.
Conectivos usados para indicar desacordo a um período. São eles:
Embora, mesmo que, se bem que, apesar de, ainda assim, ainda que, por mais que, mesmo assim, de qualquer forma, posto que, malgrado, não obstante, inobstante, em que pese.
Exemplo aplicado de conectivo de concessão:
Ainda que pare de chover, não irei mais sair.
Embora seja perto eu irei de carro.
Aqui os conectivos são usados quando o autor do texto quiser contrastas ideias, ou seja, mostrar o contrário do que foi exposto. São eles:
Mas, porém, todavia, contudo, no entanto, contrariamente, em vez de, ao invés de, pelo contrário, por oposição, oposto, opostamente, entretanto, doutro modo, ao contrário, não obstante, por outro lado.
Exemplo aplicado de conectivo de oposição:
Por outro lado, é necessário considerar o que dizem os especialistas.
Lucas foi promovido, porém, não estava feliz.
Conectivos usando quando o autor deseja expressar explicação, razão ou circunstâncias. São eles:
Quer isto dizer, isto significa que ou isso não significa que, por outras palavras, isto é, por exemplo, ou seja, é o caso de, nomeadamente, em particular, a saber, entre outros, especificamente.
Exemplo aplicado de explicitação:
Mariana estava com ansiedade em fazer a provas, isso significa que sentia medo.
Mauro não foi à festa, isto é, não melhorou.
Esses conectivos são usados para reforçar a ideia já apresentada ao longo do texto, dando destaque ao pensamento do autor. São eles:
Ou seja, ou melhor, por outras palavras, com efeito, efetivamente, na verdade, de fato, de tato, em suma, resumidamente…
Exemplo aplicado de reafirmação:
Em suma, é possível garantir que todos os candidatos serão entrevistados. Ou melhor, todos serão ouvidos.
Indica o tempo em que se passaram ações descritas ao longo do texto. São eles:
Quando, enquanto, até que, antes que, logo que, assim que, depois que, sempre que, desde que, desde quando, em todas as vezes, senão quando, ao tempo que,…
Exemplo aplicado de conectivo de tempo:
Quando amanhecer, tomarei diversas providências. Antes que o dia termine, falarei com ela.
Conectivos usados quando o autor deseja mostrar o resultado de um trabalho. São eles:
Com o fim de, com intuito, para, para que, a fim de, com o objetivo de, de forma a, com o fim, com o objetivo de, com o propósito de, com intuito de, com a intenção de, com o fito de.
Exemplo aplicado de intencionalidade:
Fiz isso com o intuito de te deixar feliz.
Ela estuda assim, com o objetivo de passar no vestibular.
Os advérbios são palavras que expressam uma circunstância e também são usados como conectivos. Essa circunstância pode ser de lugar, tempo, modo, afirmação, negação, dúvida, intensidade, exclusão, inclusão e ordem.
Os advérbios modificam um verbo ou adjetivo. Podem também ser classificados em locuções adverbiais. Isso ocorre quando duas palavras ou mais atuam como um advérbio, mudando o sentido de um verbo, adjetivo ou do próprio advérbio.
As locuções adverbiais são classificadas de acordo com a circunstância que indicam, podendo também ser classificadas em: locução adverbial de lugar, locução adverbial de tempo, locução adverbial de modo, locução adverbial de afirmação, locução adverbial de negação, locução adverbial de intensidade, locução adverbial de dúvida.
Os advérbios não podem ser flexionados em gênero (masculino e feminino) e número (plural e singular). Entretanto, alguns advérbios podem ser flexionados em grau, podendo ser comparativo ou superlativo.