Em série especial sobre grandes educadores, o podcast Folha na Sala, realizado pelo jornal Folha de S.Paulo, conta a história de Paulo Freire, o professor que revolucionou a educação de adultos, levou sua metodologia a todos os cantos do mundo e se tornou referência do Brasil no exterior.
Paulo Freire nasceu em Recife (PE), em 1921, em uma família de classe média. Seu pai era militar e a mãe, dona de casa. Ele estudou Direito na Universidade do Recife, mas nunca exerceu a profissão. Antes mesmo de se formar, já atuava como professor da educação básica.
Em 1947, Paulo Freire foi convidado para trabalhar na diretoria de educação e cultura do Sesi, o Serviço Social da Indústria de Pernambuco. Foi ali que ele vai começou a trabalhar com a alfabetização de jovens e adultos e vai criar sua metodologia.
Naquela época se alfabetizava adultos com métodos utilizados pelas crianças. Paulo Freire dizia que era uma humilhação um adulto ser alfabetizado com uma metodologia infantil, infantilizada, que isso humilhava o adulto porque não levava em conta a experiência do adulto. Aí aparece a originalidade, é o primeiro educador que cria um método específico para a alfabetização de adultos. Esse era um ponto fantástico de inflexão não só de Paulo, mas da educação no mundo”, afirma o professor Moacir Gadotti, da Universidade de São Paulo, presidente de honra do Instituto Paulo Freire.
Paulo Freire ficou no Sesi até 1957. Foram 10 anos ensinando trabalhadores na instituição. Em 1958, ele participa de um congresso de educação promovido pelo governo de Juscelino Kubitschek e apresenta ao país as suas ideias.
Nos anos seguintes, o professor cria o serviço de extensão cultural da Universidade do Recife, participa dos movimentos de cultura popular, e passa a assessorar campanhas de alfabetização em várias cidades do Nordeste. Em 1963, ele realiza a maior delas, em Angicos, no Rio Grande do Norte. Ao todo, foram 300 adultos alfabetizados em 40 dias. O presidente João Goulart participou da formatura de Angicos e, impressionado, convidou Paulo Freire para criar um plano nacional de alfabetização.
Em março de 1964, quando houve Golpe Civil Militar, Paulo Freire já tinha rodado o Brasil e criado mais de 20 mil círculos de cultura. O material didático já estava pronto e a rede treinada para começar o trabalho. O educador teve seus direitos cassados e se exilou primeiro na Bolívia e depois no Chile, onde ficou por quatro anos. Lá, ele trabalhou em programas de alfabetização e entrou em contato com outros exilados. É no Chile também que ele escreve sua obra mais famosa, “Pedagogia do Oprimido”.
Ao longo de 16 anos de exílio, Paulo Freire deu aulas em Harvard, trabalhou no Conselho Mundial de Igrejas em Genebra, na Suíça, e ajudou a criar sistemas de educação em países africanos como Guiné Bissau e Tanzânia.
Ele voltou definitivamente ao Brasil em 1980, e se tornou professor da Unicamp e da PUC-SP e em 1989 assume outro desafio: ser secretário de educação da capital paulista, no governo de Luiza Erundina, que na época era do Partido dos Trabalhadores, que Paulo Freire ajudou a fundar.
Paulo Freire morreu em maio de 1997, aos 75 anos. Em 2012, a presidente Dilma Rousseff assinou a lei que o homenageou com o título de Patrono da Educação Brasileira.
Nesta temporada, o Folha na Sala levou ao ar episódios especiais sobre a história de educadores que impactaram e mudaram o modo como se ensina hoje. A série, que também contou as histórias de Juan de Azpilcueta Navarro, Nísia Floresta, Menezes Vieira, Hemetério José dos Santos e Anísio Teixeira está disponível todas as plataformas de podcast e no site da Folha. *As informações são da Folha de S.Paulo